quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Tudo bem?

Tenho escrito pouco... Acho que estou numa fase não tão utópica a ponto de ser escrita. Só os iludidos escrevem, e eu não me permito mais iludir. Estou num momento em que perguntar "Como você está?" sôa irônico. Eu não quero saber, mas pergunto, e tenho a resposta de sempre: "Estou bem". Mentira! Ninguém está tão bem quanto quer parecer. Eu mesma nem tenho mais vontade de responder à perguntas tão hipócritas como essa. São ridículas e demonstram uma preocupação falsa. Ninguém quer ouvir: "Estou mal". É desconfortável, e pagamos o preço que for pelo conforto. Eu pago. Parece redundante. É, e eu não me importo com isso. Só me importo com a desimportância que tem essa pergunta e com a minha hipocrisia de responder sempre a mesma coisa. Como posso responder o mesmo há 18 anos se tudo sempre é tão diferente? Não sei. Na verdade cansei também de não saber. Queria poder devorar todo e qualquer conhecimento que não pudesse, me alimentar de novidade, gozar com cada página nova, saber mesmo que por uma frase o que se passou na cabeça de quem a escreveu. Saber porque tal coisa é de tal forma. Besteiras. Formas tão idiotas de preencher a vida que eu me vejo agora sem chão, idiota e tão desencaminhada quanto essa pergunta que como já disse não serve de nada. Sou como ela e a minha resposta, lógico, só poderia ser tão vazia quanto eu. Porque quero preenchimento se a vida me quis sem? Por isso vejo tudo tão vazio. Os meus olhos estão vislumbrando o que se passa por dentro. Não sei porquê as vezes quero ser o que não sou. Não sei porquê não sei as regras da língua portuguesa, se tratando principalmente desse "porquês" que eu nunca sei usar. Pode ser que com esses erros eu responda ao invés de perguntar, e a questão é exatamente essa: as respostas estão nas perguntas.
Poderia passar aqui toda a madrugada falando de coisas que só fazem sentido pra mim. Eu não quero que ninguém entenda. Não tenho apreço por ser entendida. Já perdi o resto de ilusão com relação a isso. Todos estão muito preocupados em parecer, que acabam não sendo. Acabam não encontrando o ser do outro, encontram o parecer, que é tão óbvio quanto colocar uma pergunta pós-resposta que seria: "E você?".
- Eu vou mal, e você também.

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