sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Sonho

Há pouco tempo tive um sonho. Mas não era algo subjetivo, nem algo que vinha do meu mais puro e inteligível desejo. Não era nada que eu gostaria de alcançar. Acho que pelo fato se ser impossível, falando cientificamente. E eu, que ando sentindo um certo desconforto quando me falam de utopias ou valores ideológicos, me senti completamente à vontade numa situação que me era estranha, e que pra mim se tratava sim de uma vontade que fora encoberta pela pura ausência de probabilidades lógicas. Parece contraditório, mas a vida me fez assim. Não sei como. Voltando ao sonho, era como se eu fosse dona da minha história de fato. Eu consegui ultrapassar tudo aquilo que me falaram que eu nunca deveria nem observar de longe. Senti-me livre. Senti-me humana, é isso. Quando acordei, fiquei pensando se aquela não era a realidade de fato. Estou me fazendo essa pergunta até agora. Acho que é porque gostaria que fosse. Tudo fazia sentido, mas nada tinha coerência. Naquele momento era eu e o universo, sem desculpas ou interferências que justificassem aquele momento. Ele não tinha justificativa porque era puramente emocional. O puro não se explica, se sente. E eu senti. Palavras não me bastam. Nada me basta. Pela primeira vez me senti completa, original, autentica. Pela primeira vez me senti. Era apenas eu, o universo e a lua. O universo era meu meio; a lua meu fim; e eu, era tão importante quanto um dia quis ser. Era grande, determinada. E voava. Voava em direção a algo que eu tinha medo de alcançar. Fazia uso de desculpas inúteis e racionais para não atingir meu fim tão depressa. Pela primeira vez também, me contive para glorificar o fim. Para saboreá-lo melhor. Para ter tempo de digeri-lo. Para ter tempo de entendê-lo, resguardá-lo, valorizá-lo. Queria alcançar o significado da palavra valor, que sempre me foi tão efêmero. Queria me encaixar num valor que fosse eterno, para nunca vê-lo cair sob minha cabeça depois. Nessa busca eu via esse valor, algo imcomprável, indescritível e indescartável. A lua e olhava como quem diz: ¿Vem!¿, e eu queria ir... O universo me empurrava, como se fosse o destino querendo me mostrar o lado bom da vida, o lado puro. Eu pude ver o sentido, a verdade, e tudo que já tinha desacreditado por pura incompetência. Eu via uma luz. Era a lua. E essa luz também me via. A lua me via! Ninguém nunca foi visto pela luz, muito menos pela lua. Eu fui. Ela me chamou pra ficar com ela, e eu tive medo. Medo da felicidade. Medo da minha inferioridade diante dela. Mas eu não era inferior. Eu era importante pra ela. Ela queria minha presença. Eu senti. Não sei explicar. A lua é a única que ilumina sem pedir nada em troca. Ela é a única que olha por todos. Eu fui a observando enquanto subia. Olhei no fundo dos seus olhos. Achei o que buscava. Continuei subindo. E subia... Mas tive medo. Medo de me iludir, medo de cair, medo de acordar. E acordei. Ou durmi? Ainda não sei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fala que eu quero ler.