domingo, 4 de dezembro de 2016

borbo



Ela decidiu voltar pra dentro de. ela percebeu que essa coisa de ser borboleta, de ver borboleta e de dar borboletas pode não dar certo em alguns casos. melhor ficar, parar, se concentrar pra não perder as suas. tudo acaba acabando mesmo. e se, por acaso o seu estoque secar, ela seca também. 

"só se pode encher  um vaso até a borda, nem uma gota a mais". caio

nada a mais. nada mesmo.  fique com os seus rumores de dentro de si, não vá muito pro lado de lá, não precisa ser tão insuportável, senão sangra. senão a vida fica cinza e dentro também. cuida pra que dentro as cores estejam equilibradas. não oferta demais. agora trata de receber. já foi o tempo do que não pode, já foi o tempo de aparar as coisas que voam. se cortar mais, morre.  nem uma gota a mais. é secando que se renova de qualquer forma. agora trata de fazer assim, olha ao redor, procura caçar as borboletas que estiverem precisando de casa, coloca dentro da cabeça, conserva a vida, conserva o vôo, conserva o que sempre foi teu, depois você solta, recicla sua cabeça pra voltar pra'quilo que sempre te ajudou a fazer parecer possível, reencontra essa coisa de magia que alguém disse que não tinha mais. não desperdiça as cores que te ficam, o tempo trata de cuidar disso, não deixa que esses outros tratem de acelerar essa falta, não deixa que peguem nada sem devolver, se pega azul, devolve rosa, mas devolve. se não devolve, não dá mais. senão acaba. pode acabar, mas quando acaba, a dor volta ainda mais forte. cuida da vida sem dor. 
não, não pode acabar não. cuida do teu estoque pra não colar no chão.

os passarinhos aqui de fora não param de cantar mesmo nesse dia cinza.