quarta-feira, 11 de maio de 2016

ansiedade de amor

Poderia dizer que ao se ansiar no amor um roteiro pronto e mal feito  - , desses cafonas que no final  as coisas se ajeitam, que as pessoas dizem mesmo o que é importante dizer, não guardam a sete chaves e só revelam minutos antes da sua morte, era um tipo de roteiro clichê, mas criativo, o desafio era encontrar os furos interessantes nessas histórias que a gente só sabe que existe quando assiste comédia romântica,  é isso, era uma comédia romantica cool, com personagens descolados que dariam certo, não seriam escravos do tempo, nem do sistema, eles seriam felizes para sempre porque estariam satisfeitos com suas escolhas, com esse roteiro a gente quer encorajar as pessoas do mundo a revelarem seus segredos bem antes da hora do fim, esse é um filme que não acúmulo de nada, ninguém super valoriza sua revelação, as pessoas vão lá e falam, lá aonde? perda de tempo acumular dizer e afeto, duas coisas que só cumprem sua função quando divididas, com esse roteiro,

Se fortaleceria em esperança de mãos dadas - , toda essa gente que finge não querer dar a mão pra ninguém, a gente precisa dizer assim ó: eu também preciso dar as mãos, aí o outro se convence que talvez ele precise também, ele vai parar de querer briga porque alguém disse pra ele que isso pode também, que a gente não precisa sair por aí se fingindo de forte, dá um trabalho danado parecer o que não é, você primeiro começa a parecer sem nem saber porque, depois o outro começa a ver essa pessoa que você se parece, depois você precisa cuidar de ser o que pareceu porque senão perde o seu lugar no mundo, ficará inclassificável, se tornará um ser temido,  tudo isso aconteceria em poucos segundos, ou minutos? essa coisa do tempo não tem medida, a gente precisa parar de fazer isso, porque é mentira, só por isso mesmo, cada um é dono do seu tempo, a gente sai por aí fingindo tempos comuns pra não se perder, pra sentir que não somos só, pra esquecer que no final das contas acabaremos sentados numa mesa de bar resistindo a doses de álcool de qualquer espécie


E pedidos antecipados de uma soda com uma fatia de laranja? Não limão, laranja mesmo. -laranja porque coisa muito ácida quase sempre provoca um tipo de comportamento ríspido, um tipo de indisposição social, uma coisa meio azeda. e só.

Em negrito provocação da maravilhosa Thais Menezes que sempre me inspira e me faz mais eu.

domingo, 8 de maio de 2016

joga fora

joga fora.
joga tudo fora.
apaga conversa.
apaga foto.
salva tudo num pendrive e manda embora.
manda embora.
tem coisa que não sai de dentro.
puxa que sai.
é sal.
uma coisa sempre gera outra coisa.
isso não muda.
tem opção.
sempre tem.
o que?


dores

eu queria falar sobre essas dores que eu tenho sentido, dores musculares, os músculos estão berrando, saltando e eu já não sei mais como caber nesse excesso. dores. dores como eu não me lembro de ter sentido. começou no ombro quase como um pretexto de cuidado do outro. depois o joelho não me deixou mover por uma noite. depois a posterior da perna esquerda. e agora as costas, num lugar preciso, um lugar que eu nem sabia que existia, mais pra esquerda. dói muito. eu to escrevendo pra ver se passa a doer menos. não tem nada de altruísta nisso,  essa é uma escrita que pretende curar. eu vou contar. vou dizer que você não pode dar a entender tanta coisa que não pode sustentar. eu fico aqui com esse aparador do out back que ganhei de presente mais ou menos, um presente seguido de não, não faz isso, será? medo. medo demais. te falta capacidade de sentar e deixar o tempo passar, sentar em qualquer lugar sem escolher muita coisa. o pior é que eu to numa fase da vida que não cabe lamento, não cabe sofrer, só cabe essas dores que estão me paralizando. tudo começou com muita coisa sentida, a gente observava em si, a gente entendia um pouco do mundo a partir do que a gente era junto. tem um cara auto centrado que é viciado em falta, que nunca está satisfeito, que não dá conta de ser menos em nenhuma área da vida. ele vem com muita força, fala alguma coisa sobre esperar o tempo necessário, sobre um coração que fica em paz com boas escolhas, fala sobre futuro abessa, sobre muitas coisas que ele nunca, algumas coisas sempre, ele sempre quis conversar com alguém de verdade, sempre quis ter seu espaço apesar de estar a dois, sempre quis morar no alto paraíso, sempre quis uma mulher inteligente, ele nunca tinha planejado uma viagem antes, ele nunca tinha se sentido tão bem, ele queria fazer isso por ela, ele dizia que queria. ele despertou uma coisa quase que insuportável pro mundo, pro mundo dela. tem um tipo de gente que quer demais, que anda por aí se decepcionando com o que as pessoas poderiam ser e não são, é um tipo de gente que quando encontra alguma coisa que parece fazer sentido entra na coisa de um jeito bruto, faz o que pode, diz quase tudo por si, pra si, o o outro pode achar que ele faz parte disso tudo, mas ele não faz, por acaso é ele, esse tipo de gente fala pra se convencer, o outro entra na dança também convencido achando que é isso mesmo que tem alguma coisa ali muito forte. forte. forte por fora, mas por dentro é uma coisa arisca que foge do que deseja.
aí, aconteceu muita coisa, teve até intervenção espiritual, de outro plano, teve gente abençoando, mas não adianta, ás vezes a gente não esta preparado pra ter o que pensa querer. as vezes a gente deixa passar. muita gente deixa passar. desde o início já era sabido que tinha uma força estranha ali, não seria fácil, desperdício. eu só queria que essa dor nas costas fosse embora. existem muitos mistérios entre as pessoas, existe um abismo enorme, pode ser insuportável essa capacidade de ver no outro espelho.
- cuida de não se desalinhar com o que a vida te oferta.  ela não costuma ser tão generosa, ás vezes as coisas se definem e não tem mais volta. cuida de ter coragem pra escolher e ficar na coisa, mesmo que doa. porque vai doer de qualquer jeito.



Alexandra Levasse