quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Um dia off de novembro

E depois de um dia meio down em que você dorme até as 13h completamente sem poder, porque a ultima coisa que você pode, porque escolheu em algum momento, é parar, você tem corrido tanto que sentiu hoje uma espécie de grito interno, ou você ouvia ou ficava doente, provavelmente ficaria, você parou, só, com todas as chatisses que isso poderia ter, e teve, você fez coisas banais e simples que não faz por falta tempo, como lavar louça, separar a sua comida e passear com os cães, você não atendeu o telefone, você ficou só com ele que já é meio você, você viu a lagoa azul que estava passando na sessão da tarde como quando você era criança, você viu com ele, quando a chatisse veio, vocês cantaram em inglês, um inglês horroroso você imagina, mas não garante, você se alimenta bem durante todo o dia, ele coloca a prancha a venda no mercado livre dizendo que não vai vender, você inicia uma briga que não tem sucesso, porque ele não quer, isso é bom, você sabe que pra ficar com você a pessoa deve ser meio surda, tipo a sua mãe, ele vai embora, você assiste tv, fala banalidades, toma um antialergico pra dormir e decide mudar o quarto todo de lugar, os móveis claro, porque a mudança, você pensa depois, as vezes é só um aparar de arestas sem sair do lugar, você coloca a cama entre duas paredes perto da janela. Ah sim, você comeu 6 nuguets com requeijão e alface pouco antes de dormir. E você escreveu pelo celular esse post porque seu teclado tem omitido algumas letras, ou ele parava hoje ou adoecia. 

É porque a gente muda pra não morrer da gente mesmo.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

ela e o país das maravilhas

- deixa a porta aberta, não fecha não, é, hoje eu quero assim, hoje eu preciso assim, porque sabe me bateu um medo do mundo, um medo de não dar conta, um medo de ser espremida no meio dessa confusão e atropelamentos de gente, eu me lembrei do quanto a gente é só, assim, eu, eu me dei conta, e lembrar disso me dói, talvez porque seja a única coisa definitiva no mundo, uma coisa que a gente não escolhe, somos sós, nós somos sós, e na hora do aperto não tem mão, não tem abraço, não tem, tem um buraco, um buraco que só você vê, um buraco feito sob medida pra  você, é importante doer, aguenta, fecha a porta, não adianta que ninguém vai ouvir, dorme, sonha na cama sozinha mesmo quando morre de medo de, medo de sorriso muito aberto, medo de elogio, medo de ajuda, medo de amor mesmo sabe? sabe quando dá medo de amor?  gente, morro de medo de morrer de medo de gente, de não conseguir mais olhar no olho por medo de ser puxada pra dentro desse lugar que a gente nunca conhece bem, a coisa da porta, não foi sempre assim, mas, hoje, eu tenho medo, não vejo, sozinha, numa cama grande, azul, um azul bonito, essa cama tem um buraco fundo, entro nele, num buraco, e saio num lugar maravilhosamente meu, ela não olha, a cama, ela não apavora, gente é apavorante e eu não sei mais o que fazer comigo nisso.

3 coisas que você (eu) levarei para o lugar maravilhosamente meu:

- Óculos de grau,
- Uma blusa de manga longa,
- Um saco de Machimelow,
- Almofada amarela,
- Raquete de matar mosquito.

A loucura deve ser parecido com isso, 
você fecha o olho porque não aguenta ver 
e entra no único mundo que você consegue.
A loucura é uma distração prolongada.

Tudo isso pra dizer que eu to com medo de perder o gosto por gente.

definitivo,
exagerado 
crucial,  
dor no estômago.

ps: como o ser humano é patético.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

...)e outras evidências de veracidade(

"Sou um caso raro de egocentria aguda com complexo de inferioridade" 
FY

MOTIVO: ela reclama sua participação num texto de teatro escrito e finalizado por ele. Até então ela nunca havia falado nada, mas agora, sem medo do conflito a ser gerado em função de uma tpm, ela fala. Algumas pessoas elogiaram o texto, ele está viabilizando a produção dessa peça independente dela, e ela tem feito cadernos na maior parte do seu tempo, ela atualmente abandonou um projeto em que estava apostando 70% das suas fichas por motivo de boicote. Três trechos desse texto foram escritos por ela, e ele só existe porque existe ela, é sobre ela. Ele disse, certa vez, que era um texto para ela.

olha, eu não sei namorar com você, é, passa mês, entra mês e tem sempre um bocado de caos no meio, quando não é você sou eu, ultimamente tem sido eu, mas sabe, ás vezes uma brigazinha cai bem, eu não ligo mais, eu acho que é fundamental, já não acho que é o fim do mundo, já não tenho mais esse desespero de vida ou morte, de começo ou fim, briga tem que ter, mas eu andei pensando e talvez isso signifique mesmo que eu não saiba como fazer, porque a gente lê nas revistas, as pessoas dizem que você tem que ser tranquila, tornar a vida do outro agradável, só levar coisa boa, caralho, a gente faz o que com a coisa ruim? sério, eu acho coisa ruim ótimo, eu adoro erro, eu adoro briga, adoro quando preciso mudar a direção, é isso, sou viciada nessa mudança de direção, e aí, talvez eu queira mudar nosso rumo o tempo todo, briga constrói, reconstrói, redireciona acerca de uma temática específica, e quando não acontece nada disso, pelo menos faz pensar, uma média de uma por semana é justo, a gente pensa, reconsidera e exorciza o fantasma, sim porque eles não saem de perto até que você verbalize, não sei você, mas eu, eu sinto que as coisas passam por mim, me afeitam, me geram enjôo, dor no estômago, conceiras, tudo, só depois de gerar tudo isso é que ela vira verbo, isso demora sabe, talvez fosse bom se a coisa fosse mais rápida, se esse processo fosse mais acelerado, daí eu ia falar na hora a coisa certa e justa, mas não é assim, e mesmo falando depois a coisa nunca é certa, muito menos justa, em geral é injusta, porque ela cozinhou tanto aqui dentro que sai completamente alterada e cheia de sentimentos ruins, mas ainda não consigo fazer diferente, um pouco por precisar desses choques de mudança, outro pouco por uma questão interna de tempo, nunca fui boa em tempo, nem em coisa interna, sempre demorei pra saber que sentia as coisas, eu sentia e só descobria tão depois que tinha sentido que ás vezes não servia mais, e ás vezes também servia ainda, e aí que morava o perigo, porque quando ainda servia eu já estava tão sentindo a coisa que já não dava mais pra sair, não era um sentimento que vinha aos poucos, ele vinha muito forte de repente e me avisava que já estava lá, no caso aqui dentro, há meses, e aí eu pegava ele, ou melhor, ele me pegava e me fodia, um tempo todo desconexo, umas sensações que vinham muito depois, só que ás vezes também, a boca briga com a sensação, tipo quando eu não quero algo e digo que quero pra agradar alguém, ou pra agradar a minha figura diante daquele pessoa, mais honesto dito assim, aí a boca me enche, e eu tenho percebido mais rápido qual é a minha vontade real, tenho sentido mais esse processo, aí cancelo a coisa e cancelo meu planejamento de imagem também, mas voltando a falar sobre esse tempo, nunca fui boa, nunca entendi ele muito bem, mas sempre fui boa com mudança, só que agora, com você, não to sendo mais, isso me chateia eu acho, me sinto ás vezes como um peixe me debatendo sem água, mas me sinto também um peixe feliz porque reconheço meu aquário e tenho uma espécie de paz lá dentro, não gosto dessa coisa de depender pra ganhar comida, mas também não tenho dúvida que ela vai chegar, a comida, falo da comida, algumas vezes, tenho vontade de pular do aquário, mas fico com medo de você não chegar á tempo de me devolver o ar, porque você pode estar longe do celular, você pode ter ido dar uma volta, ver a moda, e ás vezes isso é insuportável pra mim, o meu maior problema é ter uma consciência assustadora de tudo isso, de mim dentro desse aquário ou fora dele, nesse sentido tudo se torna insuportável, inclusive e principalmente eu, não sei ainda pra onde que eu levo esses fantasmas, como faço pra não precisar pular, comer, pra não precisar de devolução de ar, o fato é que ainda não consigo estar no mundo com você e sem você, você me entende? mas assim, eu vou tentar, tentar sei lá o que, se a gente não tivesse boca, boa parte dos problemas não existiriam, criança não briga até 3 anos, só chora, ou ri, quer coisa mais simples? eu quero.

ps 1: eu gostei da briga de hoje porque ela me fez escrever. quero te propor uma coisa: criaremos um blog nosso, cada briga nossa a gente transforma em texto, sempre um seu, outro meu, não precisa ser imediato, acho que pode ser imagem também, pode? depois a gente pensa em o que fazer com isso.

ps2: na próxima vez eu não mando uma mensagem reafirmando por escrito o que já foi dito, prometo.

ps3: muito possivelmente a gente não vai ser diferente, a gente manera, promete, mas de maneira geral, a gente somado dá muita coisa, por isso o tumulto, eu acho.

ps4: eu poderia ter evitado essa briga e ter falado calmamente com você sobre o assunto, mas aí, seria menos um texto na vida do blog, e na minha vida, na tua, na nossa história.

ps5: eu reli o texto da peça, ele tem 3 textos meus, o fato é que eu tava me sentindo pouco importante sobre ele, quando no princípio, ele era pra mim e sobre mim, e você tem essa mania cafona e chata de se achar genial que me irrita e me deixa sem vontade de achar qualquer coisa, tem semanas que você fala desse texto, desse texto, desse texto, daí eu fiquei com vontade de te lembrar de mim, bem egocêntrica mesmo e um pouco sensível demais também.

"Acho que sim, ás vezes, dou trabalho. 
Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser pagar o preço da manutenção, mude para um Passat"
FY

sexta-feira, 21 de junho de 2013

mais um pedaço daquele ex fim



as coisa vão perdendo a cor, tudo gira envolta, a velocidade do andar diminui, não olha no olho das pessoas, fuma cigarro, qualquer cigarro, pensa que é como se tivessem te levando o sangue, vermelho, azul, qualquer cor, escuta cada vez menos, faz força pra não ouvir, você briga com você mesma, dentro fica tudo confuso, nebuloso, cheio de cor, cheio de coisas sem nome berrando, se movimentando, sentando, levantando, tem música, tem bebida, run, tem run com soda, tem champanhe com suco de framboesa, tem coisas, não pessoas, coisas sem nome se esbarrando, elas não enxergam, se esbarram, gritam, fazem sons estranhos, urram, uivam, flutuam também, eles fazem a terceira guerra mundial lá dentro enquanto ela anda, come, liga, espera, espera, espera e ri.

sobre mais um fim na gávea.

e agora tem umas dores no corpo inteiro, tem uma vontade que tudo isso passe rápido, uma vontade de tomar algum remédio que cure, eu deito na cama e vejo as 4 paredes caindo, desabando, virando pó e eu me vejo no meio , na cama abraçada com a almofada amarela que é pra sempre, elas caem ao mesmo tempo sem fazer barulho e ninguém mais pode ver, sair é uma maneira de ser eterno, ficar pra sempre pode ser nunca mais estar na coisa, toda vez que eu deito na cama eu vejo essas paredes desabando, me dá um frio no braço, e eu lavei 5 calcinhas, hidratei o cabelo, depilei a perna, tudo pra tentar lembrar de mim, esquecer qualquer outra coisa, o mundo ás vezes fica de mau, ás vezes ele te mostra que nem sempre você pode, seus passos não são seus e você precisa aceitar isso, andar na direção que ele manda, não adianta, e quando nada mais adianta? tudo é banal, futuro não existe, ninguém dura pra sempre e eu já havia me dito isso, acontece que enquanto a parede permanece lá você insiste em permanecer aquecido, ser humano precisa de calor, lembra de você, remédio pra esquecer, tem? não tem mais nada, não ficou nada, coisas, sim, ficou um pen drive de fotos antigas, relações antigas, só isso, só um passado muito distante, ficou aqui em algum lugar, incenso pra limpar, vontade de voar pra longe dessa coisa de plano. quem era aquela pessoa no meio da rua? vestia blusa rosa, bermuda quadriculada, fumava cigarro, bebia cerveja, tinha um olho que nunca vi, eu nem ouvi nada, o que foi mesmo que disse? eu nem sei mesmo se eu estava realmente lá. 
as coisas não param, 
eu não paro, 
eu acho que ás vezes, 
eu não acho nada. 


(post antigo jogado aqui num canto ciber qualquer)

Deus,

Deus, eu queria entender algumas coisas, vou tentar não falar muito e começar logo. eu quero saber porque toda vez que a gente fica feliz, muito feliz, alguma coisa empurra a gente pra baixo de novo, essa é a minha principal questão, eu fiquei pensando que não pode ser obra sua, você é bom poxa, eu quero uma explicação pra isso, pra mim soa como um aviso de que é preciso endurecer, ficar forte, mas não sei, eu vejo tanta gente forte e dura no mundo, acho que não precisamos de mais, e também eu não vejo elas fazendo nada de grandioso, tudo bem que eu também não faço, mas eu sinto pelo menos, você consegue me explicar isso em uma frase? vou tentar formular uma pergunta objetiva, não agora, quero refletir mais um pouco pra não decidir errado, olha eu quero entender porque a vida dói tanto quase sempre, eu já pensei em tomar remédio, mas fico com medo de sair do circuito e não voltar mais, fico achando que é assim mesmo, que com o tempo vai doer menos, mas não sei não, não sinto menos do que 1 ano atrás, pelo contrário, parece que quanto mais tempo, mais planos, mais outras pessoas, mais uma mesma pessoa, sinto que quanto mais, mais, e parece que gente não serve pra gente, tem sempre um tropeço que acontece que dói mais em quem estava de mão dada, mas olha, eu entendo, entendo mesmo, sei que as coisas acontecem e que ser humano é realmente uma prisão de si mesmo, mas o que eu não consigo entender é que se as coisas são assim mesmo e devem permanecer, porque doer tanto? eu queria entender, ás vezes acho que tem haver com ego, ás vezes acho que quanto mais a gente tomba na vida, mais a gente desnuda, mais a gente entende que é possível, mas não sei, possível o que mesmo? o problema é que esses tombos ás vezes fazem a gente andar de joelheira, capacete, esses tombos fazem a gente ter medo de andar de bicicleta, as pessoas matam a magia pra evitar qualquer lágrima, e é nesse ponto que eu queria chegar, eu quero te dizer, eu quero te enfrentar agora, quero dizer que eu não vou andar como esses, eu não posso começar a andar devagar porque a vida me ronda, eu vou sofrer, vou chorar, mas eu me recuso a aprender, sabe Deus, ás vezes eu sinto como se o mundo fosse um pudim mal feito, e eu sinto que eu to no meio olhando todas as entradas sem entrar, medo, medo de escorregar, medo de não saber voltar, e isso a gente não mata assim, mas eu ainda assim vou, eu só não sei até onde, só não sei se caindo consigo resignificar, é como se a dor fosse tão grande que ela me dopa, a dor de um futuro que pode doer, mas se ele vai doer mesmo, aí você sofre pela dor de agora e pela dor que virá, como se você fosse Deus, ele mesmo, como se você pudesse se proteger de alguma coisa, mas você já viu que não pode, já foi protegida a vida inteira e nem por isso sofreu menos, você precisa mergulhar na coisa mesmo, você deve saber que vai doer, mas doer vai doer sempre, você precisa é encostar onde dói menos, porque ás vezes o que faz doer, também alivia, a pergunta Deus, a pergunta: um dia dá pra dar a mão, fechar os olhos cair e levantar como se o tombo fosse escada, tudo isso em um minuto?

quarta-feira, 29 de maio de 2013

roteiro do que seria se

e ela chega em casa, ou melhor, ela já estava desde cedo, hoje decidiu-se, quis ficar um tempo olhando pra parede, um tempo jogando conversa fora, um tempo pensando no tipo de vento que ventava lá fora, ela assistia sua única serie, por isso favorita, ela descobriu uma posição incrível pra sua cama, bem ao lado dos livros, não se sente mais sozinha, tem haver com essa tentativa de parar de projetar nos outros o que deveria estar lá dentro, no caso, dentro dela, quando ela vive uma história, de amor, de ódio, qualquer coisa, se afasta dos livros, ela quer dosar, ela quer conseguir se equilibrar numa linha fina e muito frágil, ela quer chegar do outro lado e sabe que só vai ser possível com muito equilíbrio: “estamos num tempo de energias difusas, quem não estiver equilibrado vai se afundar”. não, eu não, definitivamente. “é muito simples, cada um no seu quadrado e pronto”. entendi, se o pensamento fosse esse, nem sexo existiria, ficaria sobrando de uma parte, faltando de outra, nenhuma tentativa alcança.

e ela decidiu mesmo continuar a noite em casa, poderia muitas coisas, poderia mesmo, mas ela quis escrever, ela quis pensar no que ela precisa, ela precisou ir na farmácia comprar a pílula, porque já esqueceu ontem, ela realmente é um fracasso com medidas de prevenção, ela é do tipo que remedia, mas tem coisa que não tem remédio, daí ela tenta se adequar.

seu pai, longe, mas muito longe de ser um modelo de pai vem até o seu quarto, se senta na sua frente, lhe dá o dinheiro dá análise, diz a ela que as coisas estão melhorando, que ele pensa em lhe dar algum dinheiro pra viajar, ela desabafa, fala que se pudesse pegava um avião e desaparecia,  a sensação é de que seus braços se esticam até não poder mais, cada um pra um lado, como num sonho que ela teve a um tempo, mas no sonho quem esticava era sua mãe.

ele diz que quando namoravam não faziam sexo na frente dela, do bebê de 6 meses, ela estranha, nunca falaram de sexo, ela nunca viu sequer um beijo do casal, ele diz que ficavam juntos, a coisa esquentava, ela pedia pra parar, ele dá detalhes, ele diz que nos finais de semana  iam á motéis pra resolver a vida deles, deixavam um tio cuidando, ele fala que é a criação dela, pra ela, segundo ele, tudo isso é muito difícil de entender e aceitar, ele diz que achava um absurdo, a criança estava dormindo, mas ela nunca cedeu. ele diz também que não se pode dar muita importância a brigas, a nada na verdade, daí ele dá o exemplo do irmão que foi demitido pra dizer que as coisas vão se ajeitar, ele, o irmão já está bem empregado, o mercado ta inflado, ele diz, ela pensa que as coisas não tem fluido bem desse jeito com ela. ele diz que eles vão existir sempre, os problemas, mas ele diz que as coisas permanecem, o negócio é não esquentar.

ele virou outra pessoa depois desse problema de saúde, 
dessa crise conjugal 
e da análise
=
coquetel transformation 

ele pulou a poça, essa imagem não sai da cabeça dela, ele estava mal da coluna e de repente um dia, pulou uma super poça, percebeu que estava curado, essa poça fez toda diferença na vida dele.

é preciso pular poças sem pensar em absolutamente nada.

ela pensa que isso explica muita coisa e vai ver um filme ou criar o roteiro de um trabalho de direção que ela assumiu na faculdade, ela está plena apesar de tudo, sabe que isso não deve durar, ela esta pensando em intensificar a análise por algum tempo,

pensa que tudo isso de hoje poderia ter sido diferente se não fosse a análise ontem.

ontem: seu analista atrasa, se explica e isso soa engraçado, essa inversão de papéis, pega o metro no sentido contrário, permanece por cerca de 5 minutos no ponto final, volta pro lugar de onde saiu, a mesma estação, percebe o erro, esta ao telefone com sua mãe, que diz que se sente atropelada, atravessa pro sentido certo, recebe uma ligação que não vê, tenta avisar que está atrasada pra uma reunião por mensagem, mensagem não enviada, pega o livro pra ler, percebe que esta molhado, chega no flamengo, compra um milho macio e branco na saída do metro, sobe pro apartamento, consegue encontrar numa pesquisa sua série favorita e única, assiste um capítulo que já viu, vai pra casa, em casa assiste o capítulo 8, bebe água e dorme consigo mesma.

- mas hoje, o que você fez hoje?














- assisti o capítulo 9 e o início do 10 da minha série favorita e única.



ela lembra que não tem sentido fome há alguns dias, estranhamente, ela não tem sentido fome, alguém disse que ela parece triste, assim, meio sem luz. 

ela pensa que deve ser isso mesmo, ela não sabe quando, mas ela acha que apagou um dia desses pra dormir e esqueceu de acender de volta.

e ela segue sem fome.
.
.
.

sábado, 4 de maio de 2013

cenário 2013


e agora? Eu me pergunto como tudo vai ser depois de tudo, sim, porque parece que a qualquer momento vai estourar uma bomba, parece um ensaio pro fim, parece que não vai ter fim, parece que vai saltar alguém daquela janela e me dizer pra ficar tranquila, as coisas vão melhorar, sempre melhora, a pessoa vai dizer, eu vou ficar parada olhando, ela vai dizer também que as coisas não precisam ser assim tão duras, a gente pode adestrar o olho, a gente precisa adestrar o olhar pra ver magia, a gente pode caminhar no nosso tempo e chegar também, a gente pode não ter pressa, a gente pode pedir socorro, a gente pode precisar de pessoas, ela vai dizer que eu posso precisar dela, que ela vai estar sempre ali, aqui, em qualquer lugar, ela vai me dar colo, ela vai entender o meu choro, ela não vai me obrigar a encarar um cenário que eu não consigo ver, ela me diz que entende, que sabe que tem gente que não aguenta, não assim, não de repente, ela vai com calma, ela vai dizer que o mundo é cruel sim, que o tempo esta engolindo gente a todo momento, ela vai me pedir pra não perder a magia, ela recupera minha magia, ela vai me lembrar de tudo que eu tenho de bom, vai dizer pra eu trocar de roupa e ir dançar: dança menina! vai, dança! eu vou dizer a ela que eu ando tonta, que eu acho que vou cair, eu vou dizer a ela que nunca tive tanto medo, eu vou pedir pra ela me dar a mão: dança comigo? ela enxuga meu rosto, me dá água com açúcar, me lembra que existe doce, se afasta, vai pra janela e me diz: vai você que eu fico de longe olhando.

sábado, 23 de março de 2013

eu não quero, mas você.


eu não quero mais você, eu não quero dizer eu te amo, eu não quero ganhar presente, eu não quero ver lá na frente, eu não quero mais você, eu quero chegar na hora, eu quero dormir na hora, eu quero comer na hora, eu não quero mais você, eu quero andar sem esperar nada do mundo, eu quero não precisar ouvir sua voz, eu quero esquecer o junto, eu não quero mais você, eu quero acordar sem saber o que vou fazer, eu quero ser surpreendida, eu quero me bastar em qualquer lugar sozinha, eu quero fumar 50 cigarros, eu não quero mais você, eu quero beber até perder a moral, eu quero chorar até perder a noção do tempo, eu quero arrastar a mão na parede até sangrar, eu não quero mais você, eu quero viajar sem data de volta, eu quero dar pra todo mundo, eu não quero mais você, eu quero esquecer que existe relógio, eu quero tirar esses 200 kg do meu ombro, eu quero fazer o caminho de Santiago, eu quero acreditar que existe chegada, eu não quero mais você, eu quero ter prazer no tempo que eu passo indo e vindo, eu quero sangrar sozinha, eu quero me trancar num fundo, eu não quero mais você, eu quero escrever até perder o sentido, eu quero quebrar a placa de não retorno, eu quero dormir 3 dias seguidos, eu não quero mais você, eu quero tropeçar na rua e cair, eu quero fingir que esta tudo bem, eu quero voar de asa delta, eu não quero mais você, eu quero perguntar e responder a mim mesma, eu quero aquele sentido de antes, eu quero picolé de uva, eu não quero mais você, eu quero fingir que a mula é manca, eu quero o leite derramado, eu quero tudo inacabado, eu não quero mais você, eu quero escrever músicas, eu quero virar cantora, eu quero criar coisas concretas, eu não quero mais você, eu quero entender a vida, eu quero saber confiar na vida, eu quero a leveza de 16 anos, eu não quero mais você, eu quero gritar até doer a garganta, eu quero gozar com a minha mão, eu quero o mundo do meu jeito, eu não quero mais você, eu quero escrever um texto de teatro, eu quero ser a ultima bolacha do pacote, eu quero ser o pacote, eu não quero mais você, eu quero olhar a lua toda noite, eu quero comer  aquele calzone, eu quero chupar sacolé de amendoim,

eu não quero mais você, eu quero, mas você. 


(a luz do abajur queimou)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Eu quero falar sobre os encontros.


(Na verdade eu já falei, esse é um texto  passado, se passou no Rota 66 do Leblon, há dois anos, nesse mesmo período, verão)

Ela não consegue, ela não pode, ela não sabe encontrar.


Ela diz que tenta.


Ela chega num bar, ela esta tão cansada de tudo que acontece, ela pensa que viver demanda muita energia, por isso ela bebe, ela não tem dinheiro para terapia, ela não tem paciência para esperar ele ligar.

Ela percebe que ninguém mais interessa. Nobody. Personne. Niemand. Nadie. Nessuno. Ninguém mesmo.

Ela esta num bar com dois amigos.

Ela tem lábios grossos, tatuagens arrojadas, sorriso lindo e seios de silicone.

Ela diz que esta difícil, ela é linda, mas ela não pode, ela não sabe mais como, ela quer alguma coisa que possa valer essa pena toda, e um dia antes, um dia antes ela quase perdeu tudo, ela quase perdeu a vida por conta de um cara que entrou na Rua Alice a todo vapor, ele entrou e atropelou carros, pelo menos 6, ele realmente atropelou 6 carros, ele era um cara legal, ela também, mas eles não sabiam como, nem o que. 

Ela tem um amigo que vive desde março uma relação sem rótulos, ele não namora, ele tem alguém, e tem aquela amiga que namora de 15 em 15 dias, parece que todo mundo esta se encaixando, menos ela.

E um dia antes ela também quase perdeu toda essa agonia, ela ia se libertar dessa coisa, dessa maldição. 

Ela quase acreditou num cara, ela viveu coisas, mas no dia seguinte, como todo dia seguinte ele não ligou.




“Then i act like a woman and he's got
A woman who acts like a woman should”
Marylin Monroe

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

the end - faltando 2 dias para





- Mas me diz uma coisa, vocês terminaram porque mesmo?


- Não sei exatamente, acho que teve uma coisa com ventilador e mensagem...


05.02.13 - buscando








O gozo paralisa?

Quando você descobre que é.


Percebe quando coloca a set list “auto estima” pra tocar depois de mandar uma mensagem de conteúdo avassalador, revelador, quase que deformador, diz coisas sobre mente que talvez nunca serão entendidas, coisas que a gente só diz pro cara que a gente paga, o cara que não tem tempo de fazer julgamento de personalidade, o cara que ouve todo mundo com o mesmo ouvido, e no final do dia nada entra mais, mas ele levanta questões que te atingem num lugar, nesse mesmo lugar que você agora desconhece, percebe que pela primeira vez consegue se converter, se fazer voltar, se realinhar e sair do lado das coisas pequenas, nessa hora morre o charme, e com ele talvez mais alguma coisa tenha ido, outra nascido, não se sabe muito bem, porque é como se existisse um buraco nessa mente, um buraco vazio de significado, um limbo que não reconhece mais, que perdeu o controle, você? quem? ele, é como se fossem dois eles um bom e um mau, bem cafona mesmo, você se alia ao bom pela primeira vez na vida, mas o mau sempre esteve fazendo o que podia, agora ele dorme, ele precisa descansar, ele é o charme, para que sobre qualquer coisa no lugar certo, é o tipo de coisa que ninguém talvez possa compreender, compreende da sua maneira, mas é um sair de si legítimo, aceito, com medo, claro, mas honesto, porque é sempre mais fácil correr em outra direção, parar de escrever pra passar desodorante, e aí pensa que foda-se a internet, começa quase que um novo ciclo, porque as coisas pequenas faleceram, desfaleceram, foram pro buraco que no seu lugar, você levanta, se olha no espelho, baixa os ombros, lembra da importância do seu corpo, do seu, de você, da complexidade que é ser, você lembra de uma amiga que disse uma coisa linda, disse que Paris tem fama de ser a cidade do amor, mas seus hábitos mais comuns são feitos individualmente, como ler na grama ou tomar café numa pâtisserie, percebe que onde há amor há uma dose cavalar de solidão, existe cenário, mas existe gente, e quando chega gente é que tudo desorganiza, porque gente sente, e quando sente muito perde o controle, porque nada mais tem calma, é pressa, é confusão, é dor no estomago, é descoberta pra dentro, e tem gente que passa a vida descobrindo pra fora, quando olha pra dentro ta cheio demais, começa a pensar em fazer coisas que te devolvam parcialmente pra si, relembra pequenos hábitos chatos ou não como reclamar das coisas que ele deixa na pia depois de lavar louça, não, ainda não é isso, é outra coisa,


- provar a comida do quilo antes de colocar no prato,
- ligar pra todos os amigos pra saber sobre os problemas deles quando eu tenho um problema maior,
- prender o cabelo bem no alto,
- riscar as coisas que eu anotei e fiz durante o dia,
- esquecer o celular em qualquer lugar e depois perguntar se alguém viu,
- programar a semana toda para desprogramar depois,
- reproduzir em silencio a voz da mulher no metro,
- andar de bicicleta de cabelo solto,
- sair de vestido e sem calcinha,
- olhar o mar por muito tempo,
- cavar um buraco na areia achando que logo chega o japão,
- acumular calcinhas para lavar,
- comer salada de fruta num copo verde no caminho pra faculdade,
- ir ao cinema no meio do dia sozinha,
- tomar banho frio,
- ouvir a conversa dos outros sempre que possível,
- ligar a tv e não ouvir o que ela diz
- passar água termal no rosto pra aliviar alguma coisa,
- nadar de olhos abertos,
- comer pizza de alho sozinha,
- espalhar post-it pela parede,
- colecionar lápis de cor,
- beber água direto na garrafa,







era isso que eu tava tentando dizer.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

3x4






Júnior. Paraibano. Alto, bem alto. Ossos largos. Nariz desenhado. Descendência francesa. Boca de criança. Vez em quando é incomodado por uma dor de dente em função de dois canais. Só dorme no escuro, muito escuro. Tem mãos grandes, lindas. Sabe usá-las muito bem. Não ronca. É neurótico-obsessivo-compulsivo, tudo. Tem dificuldade com números. Não fez engenharia. É ator. Se interessa muito pela ação de correr. É temperamental. Ama poucos. Dotado de um carisma capaz de seduzir multidões, mas ele não quer. Quer uma casa de campo. Prefere campo á montanha. Faz planos sem meio, nos seus planos só existem começo e fim. Criado por vó. Ariano. Teimoso e chato. Fica pessimista quando conhece bem uma pessoa, é uma maneira de alertar o outro sobre o lado negro do mundo. Mas o outro já sabe, ele é que não. 25 anos. Arrogante. Prepotente. Sonha em ser pai. Sua cor preferida é branco. Adora surpresas. Faz declarações de amor em público. Detesta não saber das coisas. Fode bem. É meio bruto ás vezes. Tem um caráter admirável. É cuidadoso. Ama sua vó. Não tem uma relação boa com sua mãe. Ganhou uma sobrinha a pouco tempo que ainda não foi visitar. Escolhe a dedo a realidade que consegue. Ama o Leblon mais do que muita coisa. Cozinha. É machista. Quer casar. Sonha com uma mulher que lave, cozinhe e passe. Não sabe  pedir. Só dorme com ventilador. Tem alergia a mel e rinite. Causa dores no estômago e risos constantes. Olhos que mudam de cor, ora castanhos, ora mel. É uma criança. Lindo e cheio de medo. Gosta muito do mar. É movido por amor basicamente.

Elle

por que sempre que eu tenho medo do mundo eu ligo pra você? 





eu quero acordar atrasada pra tudo, sentar na calçada, tomar café preto, acender mais um cigarro, fazer um filho á noite e me arrepender de manhã quando acordar atrasada pra alguma coisa que nem sei o que é. 


Junior Aladier 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

texto mudo para Caio


Caio,

Eu quero te dizer que eu também acho difícil ficar, na verdade eu preciso te dizer que pra mim também é mais fácil voar, eu me sinto tão tentada quanto você. Voar junto sempre me pareceu impossível, eu sempre me senti presa demais, sufocada demais, eu não uso gola rolê, não uso meia apertada, evito tudo que me possa tirar o ar, até você chegar.
Fica difícil pra mim te explicar algumas coisas que nem eu entendo direito ainda, sabe, é que eu nunca lidei bem com essa coisa de não estar dentro, por isso até eu evito entrar, fico meio de fora olhando, e se tem uma coisa que me puxou pra você foi o fato de que eu já estava aí dentro, isso era tão comovente, eu nem tinha deixado e você já tinha me sequestrado e me largado em algum lugar aí, sendo assim, qualquer movimento que me tire desse lugar quente me faz voltar pra mim, me faz lembrar do frio no braço, porque eu sinto Caio, que a qualquer momento você vai me dizer que não consegue tão junto, que pensou que era diferente, que não quer mais dizer onde vai, nem porque, sabe, eu gostaria que a gente tivesse prazer nisso, em falar sobre o dia, sobre o que fez entre uma hora e outra, mas eu sei que pra você é difícil, eu não quero é ter de cobrar isso, nem você deve dizer caso não queira.
Eu não to gostando do meu lugar nesse mundo que a gente ta criando, eu nunca ocupei essa posição, ela ta desconfortável pra mim, eu sempre fui a que ia embora, a que tinha mão que fosse pra poder voltar, eu sempre estive do outro lado. Eu não consigo te trazer inteiro aqui pra dentro, acho que não tenho o vocabulário mais certo, eu não consigo te convencer de que estamos juntos, eu não sei muito estar junto e falar como se estivesse, a minha fala sempre me trai, sempre me dispersa, na verdade eu nem nunca soube trazer nada, sempre fui levada, eu nunca precisei, não sou boa nesses discursos afetivos, por isso a agressão a você e a mim, como uma criança que quando não consegue bate ou chora.
Caio, a verdade é que eu não sei como fazer com você, nem sem você, pior sem você, muito pior. Eu só quero mesmo que você saiba que todos esses desapontamentos são tentativas de melhorar a coisa, em outro tempo eu poderia relevar, talvez essa seja a grande questão, os casais que se amam não costumam se casar, essa tentativa constante de melhora acaba transformando demais, e no outro caso é fácil acabar em casamento porque tudo parece bem resolvido. Esse é o meu maior medo, eu penso que a gente é muito perigoso, um pro outro, eu não consigo me fazer entender, nunca fui boa nisso, e pelo visto só pioro, por isso a rejeição por assuntos sérios, ninguém nunca me levou muito a sério Caio, eu sempre fui café com leite e acabei acostumando com a fantasia.
Não é fácil sair de um castelo qualquer, o fato é que eu não sei mais se eu sou o que você precisa Caio, e me dói dizer isso, isso tem me atormentado, eu não tenho me sentido uma pessoa boa de estar junto, porque eu não sei, eu que sempre fui fundamental de repente não sirvo pra tanta coisa, você diz que eu imponho, e devo impor mesmo, desculpa, eu estou triste comigo, eu não estou me reconhecendo, eu tenho sentido coisas diferentes, eu to descobrindo coisas de mim assustadoras, você me leva a uns lugares de exaltação que eu nunca nem passei perto, um descontrole emocional, eu não sei mais nada Caio, eu me olho no espelho cada vez mais rápido, sinceramente, eu tenho sentido vergonha de mim, eu tenho me sentido fraca, e a imagem é de uma pessoa com os pés numa areia movediça que cada vez vai mais pra dentro, eu não sei o que tem lá Caio, pode ser você, mas eu não sei, eu acho que você não merece, não assim, eu acho que você precisa de sossego e eu só faço rodar. 
Sabe quando você está numa festa e não conhece ninguém? A sensação é essa. 

ps1: E eu não quero falar disso pessoalmente, não agora, isso ainda não tem som.

ps2: Se quiser, me escreva.

ps3: Eu te hamburguer!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

croqui já passado


e ela vai, foi na cozinha devorar qualquer coisa que parecesse sobra, não sabe bem porque, mas não abriu um pacote de biscoito, não fez comida, ela não saberia, mas ela poderia fritar um ovo, sim poderia, mas ela não fritou, ela voltou com um pedaço de pizza fria de ontem, tirou a calabresa que parecia meio morta, deixou o tomate e mordeu ainda de pé, mas ela queria escrever, ela precisava escrever e isso não lhe parecia suficiente, ela colocou mostarda porque naquele momento fazia sentido, ela morde mais uma vez,nem sabe ao certo o gosto que tem, o caso é que ela precisa escrever algo sobre Romeu e Julieta e a vida dela com ele, mas ela não sabe fazer isso, nunca fez,tem essa coisa da escrita autêntica, tipo agora, não consegue muito se comprometer com essa coisa de escrever, talvez por isso esteja durando tanto,sem compromisso, sem meta final, menos e mais livre, então ela já leu, já comeu, dormiu num canto atípico do quarto, no sofá-cama preto pequeno e descobriu que poderia morar naquele canto, ali tem tudo que precisa, uma estante pequena que serve também para apoiar o pé, sim porque ela quase sempre precisa apoiar em alguma coisa, tem livros, alguns livros, uma revista, um lápis, um quadro que é uma escultura de uma moça de costas, ela gosta de costas, tem um quadro menor colorido que ela pintou, uma garrafa d´água ambiente, dois santinhos pequenos, uma árvore de mentira que tem sabonete como fruta, umas flores de tecido bem grandes, uma lata com umas moedas, dois travesseiros, 3 almofadas,um ar condicionado, um espelho bem pequeno mesmo do lado do quadro e uma janela,ela pensa que gostaria de ter uma pinça ali, uma pinça e uma escova de dente pra sobrancelha, pronto, come o ultimo pedaço de pizza que não estava bom, não estava, mas não importa, a amiga que vai casar acaba de ligar porque elas precisam decidir sobre a roupa das madrinhas, e ele fica martelando na cabeça dela que quer alguma coisa, ela não consegue esquecer nem dele, nem dessa coisa, nem por 1 minuto que seja, só esquece quando pensa no casamento, gente, mas que coisa é essa? ta difícil estar na coisa, dentro da coisa aparentemente bem sucedida e escrever sobre isso, parece que não tem nada pra escrever porque é tanta coisa, parece que não vai caber, parece que sublinha escrever e viver junto, entende? mas ela vai escrever, não hoje, ela vai escrever uma história cronológica partindo da sua visão da coisa, ele vai detestar porque vai parecer frágil, mas não sei, ela não consegue pensar em outro jeito de contar, ele fala como se as coisas não fossem mais tão interessantes, ele perdeu a capacidade dese surpreender com o que já foi feito, ele ta caindo da árvore, e ela ta tentando subir de volta, tem que ver isso, tem que ver o que sequer da coisa e o que se faz por ela, a arte, ela não tem feito nada, nada mesmo, sua maior preocupação atual é a roupa das madrinhas do casamento dessa amiga, e ta tudo ótimo, ela quer viver isso porque isso dá retorno, ela ajuda nessa coisa da imagem geral, porque gosta mesmo, decide junto a roupa das madrinhas, elas ficam felizes,todo mundo entendeu? depois ela se dedica ao seu vestido, ela finalmente vai a festa depois de 3 meses, taí, ela encontrou uma coisa que dá sentido e dura por 3 meses, ela vai a festa, as pessoas elogiam, elogiam tudo e pronto,ta bom, é isso? é tudo isso, é ótimo, ta feito, resultado mais que colhido, pronto.

- e o texto?

que texto mesmo? ah, sim, ele vêm em breve, é porque eu ando muito ocupada, vou ligar agora pra minha amiga pra saber do vestido, ela foi experimentar o dela hoje, me disse que vai ser curto, to preocupada com isso,ta querendo colocar as madrinhas de curto também, aí tem a coisa da estampa,ela queria todo mundo florido, são 13 madrinhas, eu disse a ela que tudo bem,mas daí não é bom misturar, ou tudo colorido ou não, eu já tinha pensado um vestido inteirinho azul royal e longo com uma fenda na perna, mas agora não pode, tem que ser curto, achei ótimo porque aí tem mais uma outra função pra dar sentido, preciso ver umas revistas mais modernas, eu preciso mesmo agora garantir a minha cor de vestido porque senão não sobra nenhuma cor, eu to pensando no azul, mas dizem que coral fica bem em mim, vermelho rouba a cena,dourado? sei não, sei que não pode ser estampado, eu disse a ela que acho bom, não é bom misturar, ou tudo colorido ou não.