quarta-feira, 16 de junho de 2010

de temps en temps, tu t'enfonces

(ao som de Carla Bruni – La Noyée)

não poderia ser outra música, por isso "reacredito" que a arte é que busca a gente.

E agora que eu já decidi você eu realmente não sei mais quantas cervejas devo beber, até onde, com quem, porque tinha pendência antes, e agora tem o livro do Arnaldo aqui do lado que me comove, mas não me você. Sobra. Sobra eu por toda parte, porque quando a gente resolve se desfazer de uma coisa nossa, a gente sobra, a gente fica, e ficar é sempre muito delicado, por isso se fica com outro, porque consigo haja braço pra carregar.

- Porque será que ela ri tanto?

- As pessoas gostam de chorar sozinhas.

- As pessoas não gostam de chorar. Ela está sempre com muita gente.

- Mas ela dorme. Você acha que ela não chora quando vai dormir?

- Eu acho que ela sonha pra não dormir, tem uma música que diz isso, ela acorda quando o sonho foi muito bom e guarda aquela sensação pro resto do dia. É difícil saber a hora de acordar, mas ela deve saber, deve ser por isso que ela ri tanto.

- Ela deve chorar muito, deve ser por isso que ela ri tanto.

sábado, 5 de junho de 2010

o quê? no meu co(r)po


Eu precisava colocar mais coisas pra fora, puro egoísmo e mania de excesso porque eu não tenho nada á dizer.






Tenho me questionado antes de escrever aqui, não era assim antes, exijo forma e conteúdo, mas agora beijo pra um e abraço n'outro.


Eu não sei o que ando fazendo comigo, mas sei que não deve estar certo, é que às vezes dói demais e parece que a gente não vai achar a gente no meio desse tumulto, sim porque é isso, a gente nasce pra encontrar com a gente mesmo, e esse encontro acontece através de varias pontes, pessoas, coisas, livros, quadros, viagens, mas tudo isso é um grande movimento pra fora que volta pra dentro. A minha pergunta: será que precisa, assim, tão longe? Eu estou realmente exausta dessa corrida sem linha de chegada, to cansada, confusa, bêbada, jogada numa mesa de bar, vomitada até sair um líquido azul. E aí eu decido que vou me reposicionar, vou viver na superfície, ser feliz, fazer compras, andar na moda, roupa apertada pra valorizar, cabelo solto, compras, compras, compras muitas pra ocupar essa lacuna, decido ser pra cima como a minha mãe e toda essa gente vencedora, mas eu me agrido mais uma vez, eu me canso, eu vomito, eu não sei mais, ta ficando difícil acreditar que tudo vai melhorar, porque o telefone não toca, e se toca é o cara da imobiliária, poderia ser também o taxista de ontem me pedindo ressarcimento pelas corridas perdidas. Eu quero saber o que tinha ali dentro daquele copo, eu quero saber por que eu não deveria ir pra búzios, eu quero saber por que esse infeliz não liga, e porque esse mais infeliz ainda espera, eu quero saber por que no meu copo, porque virar um copo, porque ir á lugares que só são suportáveis com uma dose cavalar de álcool, porque tanto álcool, pra onde ele vai quando não sai pelo mesmo lugar que entrou, porque no meu copo, o quê no meu corpo, porque vômito azul, porque no meu copo,


o quê?


Uma angústia que não passa, uma infelicidade da porra, uma insatisfação que insiste em criar movimentos, uma cabeça que não entende, que não se entende, que quer fazer dança porque acredita no corpo, mas entrega a mesma coisa de bandeja em endereços diferentes e lamentáveis, era esse corte de cabelo que fudeu com essa auto estima que demorou a chegar, essa mania de agora fazer as próprias unhas, menos uma pessoa para estar, era essa vontade de achar alguma coisa que faça valer essa corrida, de encontrar alguém que traga consigo conforto, essa magreza, porque eu sei que ainda preciso acreditar, esses amigos que a gente não consegue encontrar, que a gente perde e finge que não, esses livros na prateleira que só fazem aumentar, esse medo de não ler todos, é um medo de morrer sem chegar a lugar nenhum, era o medo de escolher o lado errado, de largar o sonho antigo, de não saber mais que sonho é esse, de virar escrava da vida, de tentar virar outra coisa pra amenizar a dor, de beber qualquer coisa, muita coisa, todas as coisas que parecem aliviar, pra adiar


i


s


s


o


(s)




precisava sair de algum jeito




eu dei descarga e escovei os dentes, esse lixo finalmente vai embora.




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