terça-feira, 31 de janeiro de 2006

De sua autoria descorada

Chove lá fora
Aqui dentro nem a natureza encontra espaço
Nada mais
Não procure a audácia do sol
Nem o desbravar da chuva
Querendo uma folha em branco, entre
Sinta-se à vontade
Até sente-se caso deseje
Há, não quer sentar?
Pois então... Vejamos
Assim como quem não quer nada escreva a primeira linha
Quem sabe não sai um poema?
Desenhe também se preferir
Quer pincel?
Não tenho muitos
Mas te ofereço esses dois
As cores, bem
Tenho azul e vermelho
Gosta?
Não?
Pois então rabisque
Aja como criança
Não me importo
Quer ajuda?
Bem,
pegue o lápis,
segure na minha mão...

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Angústia

"Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar quando eu me encontar

Quero assistir o sol nascer
ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver"

Momento ausente
Canções contorcidas
Sensações turbulentas
Vontades ocultas
Desejos avassaladores
Saltos que viram
Solidão que acumula

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Vou na valsa

Como poderia te dizer agora que te pensar me faz bem?
O tempo anda fechado, acredito que abrirá em breve. É uma pena que tantos tempos precisem ser fechados para que um apenas se abra.

Palavras soltas, idéias confusas, as palavras não me servem agora.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

"So much to tell with you"

domingo, 1 de janeiro de 2006

Simplismente uma carta

De repente me peguei pensando em como você estaria agora, fazendo o quê e com quem. Senti vontade de te falar coisas que sempre pensei em dizer. Mais do que nunca aguardei por um telefonema seu, mesmo sabendo que no caso dele acontecer seria secundário, sei que não teria eu te levado até o telefone. Mas não me importei. Só queria ouvir sua voz e até agora quero entender por que. Cheguei a conclusão minutos depois que existem coisas que fogem do meu crítico intelecto. Me senti normal, comum. Senti que caso te encontrasse agora não estaria altiva, te olharia "por baixo", como nunca tinha olhado antes. Gostei de me sentir assim e lamento que não esteja por perto. Espero que esteja bem e que um dia eu possa te fazer entender tudo e qualquer comportamento que ainda não entendo em mim. Gostaria de entender o seu também, mas esse se faz um pouco claro. Não todos. O fato de você não ter me ligado antes de viajar por exemplo, me fez sentir desimportante, diante disso parei de me sentir tão especial aos seus olhos. O que é bom, porque na verdade nunca fui, te induzo sem perceber a dizer as coisas que quero ouvir por pura vaidade, e o mais incrível é que quando você fala me sôa tão natural que eu acredito no que ouço. Pura dissimulação. Não creio que minta, apenas acho que te inventei na minha mente infantil. Você também me enxerga da sua maneira. As vezes olho em volta e tenho a sensação de te conhecer melhor que todos, mas logo vejo que te conheço da minha forma, só. Sei que deve estar achando tudo muito complexo, e como não tem saco pra meias palavras prefere que eu seja mais direta, mas não sei ser assim. Prefiro que entenda tudo da sua forma.
Sinto vontade de te contar coisas que de tão íntimas me parecem insignificantes perto dessa distância que existe entre nós dois. Existe um vácuo, um vazio, que ao passo que trasparece verdade nos distancia. Me sinto meio infantil te escrevendo agora, me sinto menos racional, menos pragmática.
Gostaria te ter coragem de te entregar essa carta. Caso não tenha ela será mais um momento guardado, um momento antes meu e agora seu. Dois momentos guardados numa gaveta.
Desculpa se sempre me fiz parecer inatingível, é que sou mesmo assim. Pode ser que eu tenha medo de te aceitar e você relaxar, existem mil possibilidades, mas prefiro me declarar dessa forma. Confesso também que essa relação não é no todo ruim. É bom te ter pela metade, e acredito que você também prefira assim. Acho que não sabemos ter mais. É bom sentir que sei mais sobre você só pelo fato de você me ligar sempre que precisa de alguém pra te ouvir, mesmo que você não diga exatamente o que gostaria, fala coisas assim perdidas pra não dizer o que na verdade te fez me ligar, me deixa durmir, mesmo que eu não precise ser deixada, me diz que tem fome e normalmente eu tenho também, falamos tudo menos o que pensamos. Eu sei, e não me importo por achar que sei o que você pensa, e você não fala por pensar já saber o que eu penso. Ninguém sabe nada.
No primeiro dia do ano estou aqui no meu quarto lembrando do seu sorriso que a essa hora deve estar servindo de oferta pra muitas outras pessoas, algumas até me incomoda pensar que podem também desfrutá-lo, mas estou aqui chorando. Não sei o que isso quer dizer, queria que dissesse algo de sólido, já que te sinto sempre tão líquido, você escorre entre meus dedos e eu finjo que te deixei cair.
Quero te dizer por fim que o que sinto por você é inexplicável. Me sinto sua, e ajo tal como, sem nunca ter sido. Nem sei se devia dizer isso, mas as vezes me vejo em situações em que seria bom te ter comigo. E o que é confuso é não saber porque não dá certo, nem errado.
Sei que não te esclareci nada, mas enfim quem sou eu pra entender. Não entendo como teus olhos conseguem me falar tantas palavras sem auxílio de outro sentido. Não entendo nada, só entendo que te queria aqui e gostaria muito que esses mesmos olhos não estivessem sempre tão distantes quanto estão agora.
"Nunca disse, te estranho"