terça-feira, 11 de dezembro de 2012

como está?

e escreve agora sentada em um banco atrás de um balcão de loja, lá na frente as pessoas passam o tempo todo, e pensa que deve ser assim, que sempre foi assim, achou que pudesse haver exceção, porque sempre levantou essa bandeira, essa coisa que pode permanecer, mas agora percebe que não há, o que existe é isso tudo que passa sempre na frente deixando um monte de sobra pelos lados.

é porque tem passares que demoram, que entram menos, tem passarinho pra tudo.

e pensa em tudo que ficou por fazer, é o que seria que machuca.

e o namorado da outra passa na porta, chama, e dói.

percebe que ainda não sabe a forma desse buraco que ficou, percebe que parece fundo, tem que saber o tamanho pra encher.

vai na primeira mão que chega, mas ás vezes não chega, porque sempre falta mão do tamanho certo.

sabe quando faz silencio no meio de muita gente fazendo barulho? é assim que tá.

domingo, 11 de novembro de 2012

um recurso ou uma tentativa dramaturgica


Eu estava jogando bola como fazia sempre toda quarta com o pessoal lá do trabalho, aquele dia minha perna direita doía um pouco, na altura na coxa, mais aqui perto da virilha, tenho mania de chegar em cima da hora, daí nunca consigo alongar, poderia ser por isso, mas nesse dia não, ela doía porque peguei muito peso no dia anterior ajudando uma amiga na mudança, fui pegar a televisão com um pouco mais de cuidado, ela estava no chão, a perna deu uma balançada, me segurei pra não cair e pra não derrubar a tv, aí deu uma pontada na perna, nessa parte interna aqui, eu estava lento aquele dia, bastante lento jogando na defesa, coisa que nunca faço, já tinha reparado, não era a primeira vez que tinha uma mulher sentada num banco sem encosto de cimento que fica do lado esquerdo da quadra, no caso do meu lado esquerdo naquele dia, ela estava lá sentada como toda quarta, ela chegava sempre com 20 minutos em média de jogo começado e ficava lá, olhando, não parecia conhecer ninguém, ficava lá sentada olhando, ela sempre me incomodava de alguma forma, não sei bem porque, mas ela não conhecia ninguém, o jogo acabava e ela ia embora como se fizesse parte daquilo, sempre usava vestido, isso eu reparei, vestidos meio soltos em geral na altura do joelho, era uma mulher de meia idade, devia ter uns 30 anos, cabelo médio, meio castanho, rosto neutro, assim meio sem graça, perna fina, meio magra pro meu gosto, esse dia ela estava com um vestido meio vermelho de alça, pouco decotado, tinham umas coisas desenhadas, tipo flores eu acho, ela chegou no horário de sempre e sentou, eu tava de longe e procurava não olhar muito, de repente me pareceu que ela fazia alguns movimentos repetitivos com as mãos de cima pra baixo, fiquei olhando aquilo, a bola passou por mim, se não me engano foi gol do time adversário, eu fui chegando perto, parecia que ela tinha uma coisa na perna direita, era um movimento na perna, o vestido era vermelho, de perto eu vi melhor, ela estava repetindo cada vez com mais intensidade, quando pude ver com nitidez, percebi que ela estava com um vestido vermelho, e tinha uma faca na mão também, ela tava esfaqueando sua perna direita cada vez com mais intensidade, sua mão subia e descia, era esse o movimento que eu via de longe, ela fazia com prazer, quase sem dó, tinha sangue em volta e ela estava com sapatos brancos lindos, eu parei na frente, olhei pros sapatos e perguntei:

- Porque você ta fazendo isso? Quem é você?
- O que você tem com isso? Me deixa.
- Sai daí! Quem é você?
- Ela é meu cavalo, eu gosto de torturar ela, eu preciso fazer isso.

Eu mandei aquela coisa embora, gritei alto mandando a coisas sair, ela desmaiou, ajeitei o vestido, limpei os sapatos com a minha camisa, coloquei a faca no banco, peguei na sua mão, coloquei ela nos braços, minha perna reclamou e andei em direção ao carro. 

grande ideia para algo cênico

Tinha
uma menina
 que só sabia
 fazer coisas pequenas.





paint paint paint


Eu queria falar um pouco sobre essa espera.
A gente não sabe de onde vem, a gente queria que já chegasse, a gente queria nunca ter tido pra não ter que aguardar o retorno, eu agora vivo o caos de não saber sair daquilo, de continuar presa de um jeito abstrato e cheio de cerejas em volta, tem muita coisa que olha pra gente, e ás vezes isso que olha dói, ás vezes não dói, mas sempre muda alguma coisa, há que se ter cuidado, há que se cuidar, há que cuidar menos dos olhares outros e focar no seu. 
Você olha pra que? 
Por que? 
Pra dentro? 
Dentro tá onde? 
Você sabe ainda? 
Ainda dá pra achar você nessas escadas e areias todas? 
Muito degrau, muita cor, muito preto, pouco branco. Isso tudo vira algo, e têm aquele posto, tem aquela rua, aquele túnel, tem as crianças que morreram na escola, as chuvas de verão em maio, têm tudo isso e ele ali parado, correndo da cor, correndo de tudo que faz rir e faz sangrar também. 
Mas que sangue é esse que de tão azul e precioso não deve escorrer sob nenhuma condição, sob nenhum outro sangue azul claro?
Acabo de ouvir:  há um caminho muito duro a percorrer, muito duro e difícil, então espere.
Deve sentar?
E todas essas questões de pele que surgem com esse aguardo todo? 
E o intestino que cada dia vai piorando? 
E o corpo que envelhece?
Ana disse que agora tudo seria dito, seria claro, seria, seria, seria, mas como? 
Que mundo é esse que usa o facebook pra manter relações? 
Que relações são essas que nunca existiram?  
Pode ser que jogar gelo no vinho seja a coisa mais autêntica já feita, e tem essa coisa também de chegar em casa e ligar a TV, você liga pra desligar você. Eu não sei não, mas tem algo que não acontece nesse tempo. 
Ou será que sempre foi assim? 
Pode ser?
Existem mais coisas que acontecem ou não?
E quando a gente desiste de esperar o que  acontece?
O que vêm depois da espera?
Me espera na ativa?
Quantas pessoas esperam pela gente?

Você tem q aceitar
 e uma forma de aceitar é também intervir na mudança.

tempo tempo tempo


e quando a coisa é do jeito que foi você pode saber que ela tava no limite entre o que poderia ter sido ou não.
o limite é o que foi
é quando
e que venha o próximo
limite, claro


.uma espécie de homenagem, pra você, que tem me doído mais do que eu achei que.

sábado, 11 de agosto de 2012

sobre ser qualquer coisa


é importante se lembrar só, é importante chegar em casa e ter condições de abrir o lap pra escrever qualquer coisa sobre você, sobre tudo isso, as vezes parece, e dá um certo medo, parece que você se perde no meio de tanta vida. 
não sei mais sobre tanta coisa, sei por exemplo e só, que a falta gera movimento, por isso decidi não largar a analise, ela me faz voltar pra mim, a falta, descobri que sou viciada nela, na verdade ela ainda me move quando chega, é importante até pra coisa que falta, ela é realmente algo que não deve ser dispensado, embora pareça doer, 
pensa que não dói essa casa vazia? 
pensa que não dói esse silencio sepulcral? 
pensa que não dói eu nessa coisa com eco?
mas eu percebo que quando falta sou mais qualquer coisa, eu preciso disso, eu to com medo de não saber de mim no meio, como tudo ainda é início,



 promete que me falta?


sábado, 9 de junho de 2012

avec afeto




"se tudo cair, que tudo caia, pois tudo raia"
.
.
.

terça-feira, 5 de junho de 2012

jamais plus

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troca de celular, de operadora, mantém o número porque há que se ter referência de alguma forma,

passa a entrar pelo outro lado no box pra tomar banho,

troca de escova de dente,

tenta marcar um corte de cabelo,

vai ao cinema, olha mais em volta, olha mesmo, pessoas, coisas, tudo,

tem um pesadelo de que cortaram e alisaram seu cabelo, nele bate na cabelereira como não fez na vida real,

pronto,

pensa, tenta levantar da cama, pensa por cerca de 4 horas, já são 15h, se pudesse hoje não seria, porque tentar é um fracasso, fracasso emocional, a indiferença inesperada dói num fundo que não sabia que tinha, porque sempre é tempo de descobrir fundos, porque aquela placa era tudo que precisava ser dito, o pingente de quartzo rosa avisou, a palpitação somada a intuição de que algo aconteceria, aquela mensagem que dizia mais do que deveria, o número 7,

respira,

respira,

respira,

foi exaustivo,

quase sempre é pra quem insiste em acreditar,

agora de volta pro raso e leve

proibido20retorno

 

PS: seria box ou boxe?

terça-feira, 29 de maio de 2012

ele aprisiona, eu liberto

INHOTIK 034

e eu tenho realmente pensado nessa coisa toda de amor, de amar, de deixar alguém te amar, e tudo me parece simples, eu tava, por exemplo, pensando nisso enchendo a garrafa d’água que de repente transbordou, aí tudo ficou claro, a vida sabe é assim cheia de coisa no meio de outras coisas, quando a gente gosta de, a gente gosta e faz valer a pena, o tempo passa, algumas coisas vêm pra fragilizar e você decide sobre a permanecia ou a novidade, tem o fluxo também, cada um tem o seu, mas quando você decide por alguém, sim porque você decide mesmo, e isso é assustadoramente lindo, mas quando vêm esse outro você precisa repaginar seu fluxo viciado, e daí pode ser que sem querer no meio de tudo você comece a reconsiderar a possibilidade de mudar de fluxo, como se aquela combinação já tivesse transbordado, acontece que existe essa variável cheia de si chamada tempo, o tempo tudo, pode destruir, masagoraeumeentendocomele, acredito tanto na construção, ás vezes me perco de tanto acreditar, dá medo, porque fica cada vez mais comum o oposto, sempre tive mania de pensar mais na frente, isso me ajudou a existir, porque no fundo só se trata disso de aprender a existir sozinho, é que dói tanto quando esse existir depende de outro existir, dói porque ás vezes as pessoas querem existir juntas de maneiras diferentes, e eu realmente tenho me deixado, me deixado tanta coisa, só que se abre mão de um apoio e surge outro, essa coisa de conseguir existir junto por exemplo, isso requer maturidade, e isso eu sempre tive de sobra, fiquei pensando que ele tem medo que alguém o veja envelhecer, por isso não pára, não corre o risco de, e achei que isso explica tanta coisa, explica a dificuldade com o que não é tão cheio de vida, explica a numerologia: quatro = diversão, explica a briga com o tempo, explica a escolha dele por mim, eu não sou do tipo que abandono, sou do tipo que continuo, que passo por cima, não sei como é tanto tempo passado, e eu só pensei nisso porque terminei de jantar a pouco, coloquei a bandeja do lado, olhei pro teto de ropão mesmo, pensei no amanhã, como de costume, lembrei que é dia de graça, dia da Graça, e me pareceu que foi ontem que ela esteve aqui, me pareceu que foi ontem que eu disse a ela: é tão bom quando você tá aqui, me sinto muito sozinha; ela disse que as coisas são assim porque eu quero, ela tem razão, mais uma escolha, mais uma vez eu insisto porque acredito, mas ela não entende porque ela precisa diferente, ela me emociona quase sempre com suas histórias, ela fala sem parar, ela cuida da família, cuida da igreja, cuida de mim, dos meus cachorros, eu não sei mesmo se alguém cuida dela, mas ela é linda, ela faz bem pro mundo, tem inocência, tem tanta coisa que a gente não vê mais, lembrei dela, lembrei que ela ligou, eu não pude atender, ela vêm, e as terças me parecem mais compostas, daí eu pensei mesmo nessa coisa do tempo, nessa velocidade, medo, medo de tudo que ta passando, medo do que fica, medo do que pode ser que vá embora em breve, medo desse poder todo, mas também deu uma leveza porque se perceber dentro olhando de fora é algo parecido com viver, pode ser que seja isso, pode ser que ter percebido ele nesse contexto tenha humanizado a figura, todo mundo é tão pouca coisa, e tem o fluxo, tem o diretor que reconheceu meu caderno da papelaria palermo da argentina, não sei nada sobre amor, mas sei que amo quem sabe sobre detalhes, o diretor soube, ele não sabe, porque não tem tempo, ele foge dele, foge do vazio, do silencio, de tudo que possa lembrar o fim, eu tenho pânico de fim, de despedida, eu queria mesmo tudo pra sempre de algum jeito, mas ninguém pode com tanta eternidade, agora com menos gente querendo talvez ela possa comigo, eu posso, eu gosto tanto, eu não sou mesmo desse tempo, não sou do tempo das coisas que passam, das coisas que se sobrepõe, eu não consigo com o que passa, mas eu deixo passar, é que pra mim fica, não conto pra ninguém, guardo segredo, mas eu finjo, finjo que deixei passar e guardo aqui dentro porque acho que um dia a coisa pode voltar a existir se couber, quase como se pudesse fazer uma colagem de vida, tipo quando fui na casa daquele cara que se dizia apaixonado sete anos atrás, ele tava aqui esse tempo todo, assim guardado, é que tem muito espaço, me doeu não poder ser o que ele precisava, depois de todo esse tempo apareci na portaria de madrugada e deixei um bilhete pedindo que me ligasse, ligou, nos encontramos, pedi desculpa, ele? blasê, disse que não se lembrava mais, foi ridículo, mas eu não entendo, não entendo como faz pra passar assim, me sinto realmente fora de contexto, falta gente pra sempre, eu pedi desculpa por ter pedido desculpa, nos despedimos e nunca mais nos vimos, no fundo eu queria dizer pra ele que eu não merecia aquilo tudo, me contaram que ele socou a parede na minha formatura, me viu com outro, disse que me amava, isso doeu mais do que qualquer coisa, ele não deveria ter me poupado, eu queria saber das coisas, da força das coisas, ele sentia demais sozinho, não era pra sempre, não era pra dois, no fundo eu queria dizer a ele que eu sinto muito pela parede, ela não merecia aquilo tudo, é difícil dizer pro outro, se diz muita coisa quando se sente, mas se esquece de ser pra sempre, não sei se precisa nem como faz, sei que sinto e preciso,

o amor é egoísta e foi depois de ver a garrafa transbordando que eu me descobri semelhante e entendi tudo.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Febre

Passa 4 Mamis 022

 

Eu ando cansada de não poder precisar, to engasgada com essa idéia de que você, eu não sei. Nossa hoje eu já tomei mais de 5 remédios pra várias coisas, a pílula, aquele remédio pra quando a gente ta com fungo ou cândida, que faz xixi ardendo, tomei uma neusa, e naldecon noite. Eu não sei, acho que eu to com febre, vê aqui pra mim. Eu preciso sempre, eu sou urgente, to sempre em cima da hora ,to sempre sem ar, to sempre dizendo qualquer coisa que não faz sentido. Tem uma coisa sobre precisar que eu fico pensando, eu penso que sempre que você começa a precisar de alguém essa pessoa tira férias e vai pro Canadá, nenhum problema com o Canadá, nem com as férias, acho que o problema sou eu, mania essa de precisar atravessar a rua de mãos dadas, e quando não tem mão você faz o que? Você sabe que uma vez eu peguei a mão de um desconhecido. Eu não sei, acho que eu to com febre, vê aqui pra mim. Então eu peguei a mão de um desconhecido sem querer na rua e só percebi no meio da rua, fiquei meio sem graça, ele também, era um homem mais velho nada interessante, daí eu fui soltando devagarzinho pra dar tempo de terminar a rua. Eu acho que aquilo foi um encontro, ele entendeu que eu precisava dele e me recebeu, sim, porque se trata de receber, porque aqui tudo está sempre transbordando e eu queria mesmo não precisar de análise, você acha que eu gosto de precisar? Não queria precisar escrever sobre mim, você acha que eu gosto de precisar? não queria precisar de ninguém pra continuar... o que? Sabe, uma coisa que sempre me acontece é um amigo me liga quase sempre pra sair, eu nunca posso, quando eu finalmente eu posso, eu ligo, ele não atende, tem também aquele cara que sempre foi apaixonado por você, quando você decide por ele, ele já ta longe. Já aconteceu isso com você? Ai não sei eu acho que eu to com febre, vê aqui pra mim. Eu sei lá, eu nem sei se a gente devia falar disso nessa peça, na verdade eu não sei nem do que essa peça fala. Não gente, desculpa, mas eu não sei nem sobre as coisas que eu falo. Não, assim, eu to na peça, mas eu não, não, não, ai.

Não sei acho que eu to com febre, vê aqui pra mim por favor.

terça-feira, 24 de abril de 2012

pra quando você chegar

 

Look 001

a sensação que dá lá no fundo é que você nunca há de ver o que têm aqui dentro, tem uma coisa de parto, parece que a briga é pra se acostumar com o buraco, com o vazio constante, será que viver tem haver com esse buraco que a gente insiste em colocar areia e não vê por onde ela sai? e eu agora vou comer o ¼ restante de subway que comprei, comprei aquele de 30 centímetros porque era o do dia bem mais barato, não tive coragem de comprar menor quase pelo mesmo preço, você faria o mesmo, você ficaria decepcionado se eu tivesse optado pelo menor, lembrei que a gente tem essa coisa de não deixar sobrar nada, achei engraçado, íntimo, acho que isso é o que a gente tem de mais nosso, a gente não deixa sobrar nada, eu acho isso realmente muito romântico, e tem dois dias que você não aparece, eu tinha me prometido que o próximo que desaparecesse mais de dois dias ia desaparecer pra sempre, mas cansei desse argumento, quando a coisa tem haver com buraco a gente não consegue mais teorizar, a gente descobre que gosta de uma pessoa quando tem muitos motivos pra não estar com ela e mesmo assim permanece, e eu penso também que elevada a quinta potência isso se chama obsessão, eu tenho uma tendência á, mas não cheguei lá, não mesmo, me cuido, e tem outra coisa, quando eu começo a me acostumar com o buraco vazio você volta, volta todo sorridente de surpresa, você ama surpresas, elas sempre estão vinculadas ao tempo no seu caso, a datas, a agenda, ao tempo, variável que eu mais prezo que invarie, acho que criei uma palavra, acho que você volta amanhã, combina com você voltar um dia antes, dar uma sumida rápida, me deixar apreensiva e de repente ligar dizendo: cheguei! você adora se dar de surpresa pra mim, eu fico feliz claro, fico muito feliz, desmarco tudo que tenho e vou te ver, mas daí logo logo o buraco esvazia de novo, a gastrite ataca, eu queria que você não ocupasse meu buraco, mas continuasse aqui pra mim, não sei como seria isso, eu queria não deixar essa areia escoar, eu preciso voltar a treinar, preciso também pegar a receita do risoto pra fazer na quarta.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

coisa dentro

e agora fuma um cigarro e pensa que entra mais coisa, me pergunto se um dia sai, essas coisas todas saem por onde, você sai por onde, tem o cinzeiro que é tão preto e branco, a cerveja, tem o habito de ficar só que quase sempre faz correr, correr, correr pra qualquer lado, tem o amor, o amor que não sabe se o é, a vida passa, o tempo não passa, você nunca chega até você mesmo, tem a análise que vai aumentar, tem a viagem pra inhotim, tem a menina linda, cada vez mais linda que chegou de paris, tem o compromisso com tudo isso, tem a festa de amanhã, existe uma roupa melhor, existe a dor de não receber um abraço, mas a gente cresce, cresce pra tudo que é lado, ainda mais quando é egoísta, tem o espelho que ele é que reflete isso tudo, não dá pra ver, tem a dor daquela mãe, tem uma outra menina que voltou, que sofreu, que me deu o cinzeiro, que eu não sabia mais, ela é linda, quando sabe ser, tem o outro, tem ele que sente demais e você pensa se um dia sentiu assim, tem a vontade de correr, tem o joelho que dói, tem aquela festa, tem aquelas pessoas que ficaram na juventude, ficaram onde você está e você não está lá, nunca esteve porque nunca soube estar mesmo onde a coisa aperta, tem vodka de cereja, tem a amiga de paris, tem a outra que baixa aquela série, não baixa mais, tem a porta que não abre, a barata que pode chegar, o vídeo que precisa ficar pronto, tem você, tem o pai de verdade que está internado, você sabia, você sentiu, como faz pra sentir um sangue que é o mesmo do seu, você conhece a cor do sangue dele, tem tudo que passou, as flores pela casa, a magia que não volta, a dureza de uma realidade sem palco, a falta de foco, a atenção precisa, tem o cigarro que faz teck, de menta que dá prazer porque, não se sabe sobre dor e prazer, tem a análise que precisa de mais dinheiro pra existir, tem a existência que é só, ele chora por tudo, por você, pelo que não foram, pelo que poderiam ser, tem a bahia, as mulheres casadas com filhos, tem receitas de risoto, tem dicas de como ser da melhor maneira pra ele não de deixar, tem miami que nem tem muito também, tem fuga, sempre tem, sempre teve, tem a menina mágica, amizades magicas, quando não tem você não sabe, a mineira que quer ser só no brasil , que quer se mostrar linda, porque é e não sabe tanto que é, tem o livro que precisa acabar, tem cadeiras pra sentar, sempre haverão cadeiras vazias sem sentido, cadeira não precisa de sentido, só de posição, tem o chão que precisa ser marcado, a sequencia que precisa ser ensaiada, o cigarro que arde a garganta, a bebida sozinha, ela e ela, tem tanta coisa que não dá pra dizer, tanta coisa que não dá pra, tanta coisa sem lugar, sem cadeira, tem a menina de paris, tem o futuro, tem a ausência de presente, tem a dor da fumaça, tem o mundo melhor, a vida sem dor, o nome da coisa com letra maiúscula, o cheiro de sabonete do vizinho, a luz apagada na cozinha, a cozinha que já esteve habitada, bem habitada, tem mais quem, tem o limão, o limoeiro, tem alguém no meio disso?

terça-feira, 17 de abril de 2012

medo medo medo

eu preciso aprender a me soltar.

eu preciso me deixar em paz.

eu ando triste demais, sozinha demais, minha garganta quase sempre parace que vai explodir dizendo alguma coisa que não pode ser adiada, dor física, dor de me sentir tão cruel, tão firme demais, moralista demais, séria demais, preciso aprender a ser o que eu sou sem sangrar, fazer as pazes com o excesso e não correr dele como uma criança com medo, preciso andar de mãos dadas com o excesso, gostar dele, transar com ele, casar com ele, pra depois pedir o divórcio quem sabe... você é capaz de ser livre o suficiente a ponto não precisar se prender em lugar nenhum? eu tenho medo de muita gente, eu tenho medo quando não tem gente, medo de barata, medo do carnaval, medo de tanta emoção descontrolada, eu tenho medo da primeira vez, eu tenho medo de mim nessa zona toda, eu tenho tido cada vez mais medos, eu tenho medo do amor, eu tenho medo do meu amor, eu tenho medo do tamanho do meu amor, eu tenho medo do tamanho do amor que eu possa sentir por você, eu tenho medo que o amor me leve de mim, eu tenho medo da leveza, tenho medo do pesado, tenho medo de parar no meio, de parar no meio e morrer atropelada. eu tenho medo de gente feliz demais, eu pareci feliz demais por muito tempo, pode ser por isso que eu tenho evitado sair de casa, a tristeza não combina com o que eu faço.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

à beira de(.)

- Você me deixa comandar esse barco?

hoje pedalando pra casa me veio a ideia, a noção de que você é humano, não tanto quanto muitos, quanto eu que sobro pra todos os lados (melancólica demais, sorridente demais, triste demais , alegre demais e(.)) e se você precisa pilotar pode ser que eu transborde sem que você veja, pode ser que eu me afogue de novo e esqueça de boiar, eu aceitei abrir mão por um tempo desse excesso de mim, aleguei sufocamento, você veio e trouxe um ar de gás hélio azul e verde, mas e se você falhar? a culpa vai ser somente sua e isso me dói um pouco, primeiro porque te quero vivo, não suportaria, você, depois porque sempre fui a dona de toda culpa do mundo, sei que é egoísmo, mas só sabia como era ter toda ela pra mim, sempre estivemos juntas, aí você chega e tira de mim a única coisa que me ancorava no chão, a questão: é que sair do chão pode não ter volta, ou pode ter uma volta que te devolva pra além dele, a vida sempre me doeu mais do que qualquer coisa, e parece que agora não sei bem como fazer sem(.), toda noite parece que a satisfação vêm(.), e eu penso que se eu cair no mar como daquela vez, pode ser que não exista você mais, porque pode ser que você não veja, pode ser que você não esteja, por isso, eu não sei, mas eu preciso aprender a te ser menos, eu preciso aprender a matar barata, porque ninguém pode estar tanto a ponto de (.), parece que alguma coisa também te dói diferente, sei que ao invés de vir pra perto, você está indo pra longe, e eu também, eu to voltando pra mim, e pode ser que eu me encante mais do que nunca, a dor pode ter haver com isso, com a minha volta, a sua saída, ou a sua entrada diferente e a minha chegada pra valer, sei que se perceber inteiro e só depois de(.) é assustador, você é assustador, eu sou assustadora, pode ser que eu decida pular do barco, e nesse caso, pulo pra me afogar e depois volto de cabelo molhado e cada vez mais comprido, pode ser que você precise ir embora no vento, que você volte pro seu planeta, que você voe numa folha de coqueiro, mas onde quer que você vá você tem o mar, parecido com esse teu mar que te faz voltar pra você, eu tenho o meu pensamento que quando consegue vira palavra, poucas pessoas entendem de mar, de pensamento e de palavra, a dor tinha haver com aceitar a decisão de que eu quero entender de mar também, eu pretendo pilotar, agora eu vou junto, porque as coisas já não são mais tão racionais depois de alguns muitos passos dados, e hoje, as ligações muitas sem resultado, o aniversário que bate na porta, a vontade de (.), hoje a sua mensagem 5 minutos antes do dia 24, o livro que tem preenchido sua falta, hoje, tudo isso veio pra mim de um jeito arrebatador, algumas noites sem você de qualquer maneira me confundem, me tentam, me levam pela metade, uma ligação que não acontece já faz tremer esse meu poço de insegurança azul marinho, foi num desses terremotos, numa dessas metades perdidas que eu descobri que preciso, era esse o calo, porque isso é realmente novo, e não significa que eu não saiba remar sozinha, significa que eu quero equilibrar os dois na mesma prancha, só isso, tudo isso aí em cima tem haver com a dificuldade que é se equilibrar, depende do mar, do vento, mas principalmente da vontade de não cair e do zelo pra que isso aconteça, e isso, tudo isso, a folha de coqueiro, a barata, o vento, o gás hélio, o poço de insegurança, tudo isso mais o mar é a vida forçando a porta para(.).

(ela olha o movimento fora do café, a xícara de chocolate pela metade, a colher que não foi usada metade dentro, metade fora, se imagina, lembra daquele chocolate em Praga onde tudo era neve, lembra dos muitos chocolates muito quentes que eram precisos, mexe agora o chocolate) e diz:

- Deixo.