sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Comecei uma coleção.

Falo de uma coleção um tanto quanto diferente. Coleciono crônicas. O engraçado é que não sei se por coincidência ou por descoberta de um estilo, tenho (por enquanto) apenas duas do mesmo autor. Esqueci o seu nome agora, mas suas crônicas - dotadas de um ar de impotência diante do tempo - devem ser conceituadas, pois se encaixam justamente na ante capa, do Segundo Caderno do Jornal O Globo. Sempre achei interessante colecionar, mesmo que não tivesse uma (acho que por não gostar de coisas que se distanciem em demasia do real). Inclusive certa vez assisti uma peça - da qual também fazia parte - em que uma mulher tinha como único fazer sua coleção de vidros. Parecia a decadência, mas agora penso que era um modo de vida como tantos outros, a diferença é que a personagem tinha medo da vida real, e fazia da coleção uma vida imaginada, sem dores. Acho que no fundo a coisa é bem por aí. Uma coleção nos eleva, nos faz dirigir uma "vida", e como não conseguimos fazer o mesmo com a nossa, somos inflamados a buscar algo que seja do nosso controle. Nunca consegui completar uma coleção. Falo de álbuns que nos são empurrados na infância, figurinhas sem sentido, mas que nos fazem nos sentir o máximo quando temos uma pela qual nosso amigo daria quase a vida pra ter. Parece exagero, mas na fase em que nossa energia ultrapassa os limites da razão, no momento em que só entende quem é um igual, somos capazes de coisas pouco imagináveis. Nunca consegui terminar um álbum, e por isso, acho interessante começar agora uma coleção sem fim. É, a minha coleção é infinita. Assim eu fujo dessa sensação de impotência diante do completo que até hoje me assombra, fazendo com que eu perca o gosto pelas coisas que posso finalizar. Não sei se vou aparecer aqui escrevendo já tenho 999.999 crônicas na minha coleção, acho que sou muito mutante para me fixar a mesma coisa durante tanto tempo. A solução é não contar. É isso. Assumo aqui um compromisso de que só vou contar as crônicas até a nona dezena mais nove, pois o numero seguinte me faz pensar que cheguei ao fim. Não quero me aproximar do fim, ou melhor, não quero pensar que ele existe. Não quero colecionar para competir com meus iguais, até por que acho difícil achar um comum a minha coleção. A quero unicamente para ter uma, para reler futuramente coisas que me foram de uma importância inteligível. Palavras que foram fundamentais para que eu formasse a minha frase, o meu parágrafo, e quem sabe um dia minha crônica.
(31.7.05)

2 comentários:

  1. Anônimo10:48 PM

    acho q já li-i!
    heheh
    bjs1

    ResponderExcluir
  2. Anônimo2:27 PM

    mayaaaaaaaa, vc ta de parabéns!!escreves mt bem!!vc consegue tocar as pessoas com suas palavras, tlvz(como ja disse antes)seja pq no fundo todos somos iguais e dividimos os memsos questionamentos.
    bjusssssssss
    aninha

    ResponderExcluir

Fala que eu quero ler.