terça-feira, 13 de dezembro de 2011

para além dos muros dela


É
enquanto
balança
que existe vida



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

the missing piece

Para ler ouvindo: Don’t you remember – Adele. (não pelo contexto, mais pela força da coisa que não fica)

Hoje foi o dia que ao invés de te ligar, eu me liguei,

E tem tanta coisa que eu faria questão de te mostrar se não fosse esse sufocamento que me persegue hoje, ás vezes, é como se a vida daqui de dentro fosse explodir, é como se a vida de fora fosse embora de bicicleta, você, eu, corre, grita, chama, canta e chora no chuveiro aquela única música que cabe na sua voz, aquela única que se sente segura cantando, mas ela, ele, você não volta, ela foi e uma coisa quando vai, mesmo que volte, já não volta mais dentro da mesma coisa, ela se, te transforma.

Foi o dia de não escovar os dentes, de ficar o maior tempo possível com esse gosto de alho dentro da boca,

Hoje é um dia importante porque eu senti um desejo absoluto de comer pizza de alho, e desejo absoluto é uma coisa tão bonita, tão pura, tão única, é tão de verdade que eu trocaria tudo e qualquer coisa por essa pizza de alho. Isso é ser, isso é vida pra dentro. Essa condição de quem pede pizza pra comer só é sagrada. Se alguém me perguntasse o que me faria mais realizada hoje, eu responderia que não é possível ser mais quando já se está no todo.

Foi o dia de sujar o teclado de gordura na tentativa de eternizar esse instante encontrado,

E quando ele chegar eu vou dizer que eu amo pizza de alho, que aqui perto de casa tem uma incrível, super incrível e maravilhosa, ele vai rir do super, do exagero clássico, eu vou comer aquela, essa pizza com uma integridade, com um excesso de identidade e vou lembrar de mim, vou lembrar de hoje, do dia que desisti de ir pra acrobacia mesmo achando que meu corpo pedia, vou lembrar daquela música abafada na água fria do chuveiro, vou lembrar e gozar, e gozar com você dentro, com você comigo dentro, ou você fora, vou gozar várias vezes pensando no dia em que encontrei comigo de um jeito quase insuportável. Eu sou insuportável e é por isso que preciso de você, dele, preciso de. Pra respirar um ar menos costumeiro, pra ver a cor do outro lado da tela, pra comer outro sabor de pizza, pra rir de qualquer coisa sem graça. Ele, você, o outro chega pra virar o disco, eu escolho, a força que mostra o outro lado é dele, é sua. E se ele não vêm, uma hora a música pára, eu volto a agulha pro início que eu conheço, volto muitas vezes até que ele, você tenha força pra virar.

Eu poderia ter dançado, mas eu só consegui viver,

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

entre tudo que

a verdade é que a verdade não sabe nadar.

sabe tudo que se passa entre uma vírgula e um ponto?

ela chega em casa exausta de um dia de muito caminhar pela praia, ela precisava encontrar hora com uma, hora com outra pessoa especial, sim porque ela não se deixa levar por pouco, taí uma coisa da qual ela se orgulha quando começa uma frase e lamenta no final da mesma, ela chega em casa, passa na vizinha como havia prometido pega umas empadas e uns biscoitos doces, a vizinha diz furiosa que se ela não tivesse passado não haveria de receber mais nada, ela ouve, aceita e pensa que por um segundo decidiu passar, não passaria, mas algo mais forte do que sua mãe no telefone dizendo para não passar, já era tarde, algo mais forte, o barulho da TV ligada no fantástico, a luz acesa, o compromisso assumido mais cedo, ela passa, recebe, ouve, quantas coisas não aconteceram entre ela pensar se passaria ou não? depois ela sobe as escadas encontra a filha da síndica, elogia a nova cor do seu cabelo, percebe o orgulho, se sente bem pelo estímulo causado, continua subindo, quantas coisas não aconteceram entre ela pensar se deveria ou não elogiar o cabelo da vizinha? continua subindo, abre a porta, deixa o chinelo, deixa as empadas na cozinha, coloca a comida no forninho, 10 minutos, o tempo que se dá para um banho, toma banho, responde a mensagem, quantas coisas não aconteceram até que ela decidisse o que colocar na mensagem? vai até a cozinha coloca uma salada no prato junto com o quente, coloca um suco de pêssego, ela toma pêssego sempre que pode pra ajudar na coisa da gastrite nervosa, coloca tudo na bandeja, vai até a cama, ela está só de blusa, sem calcinha como de costume, tira o forro da cama e senta, coloca a bandeja por cima do colo.

o suco cai. quantas coisas não aconteceram nesses segundos em que o copo girou em pé sobre a bandeja até decidir cair de vez?

se o suco fosse de uva, se ela ouvisse sua mãe, se a comida fosse empada, se a TV tivesse desligada, se a vizinha tivesse dormindo, se a luz tivesse apagada, se ela comesse na escrivaninha, se ela não tirasse o chinelo, se ela não reparasse no cabelo da vizinha, se o tempo do forno fosse 15 minutos, se ela tivesse de calcinha e sem blusa, se ela tivesse ligado o suco seria de uva? passa.

o telefone toca.

.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

a carta real

eu só queria que você soubesse, eu queria te dizer que não é fácil sair de um lugar tão quente e se jogar assim de volta no vazio, de cabelo solto, ombros largos, a minha cabeça é um lugar de difícil acesso, de modo que eu acabo sempre duvidando das coisas que ela decide, mas sabe que dessa vez eu sinto mesmo que não teria saída, não teria fundo, a gente ia cair lá em baixo e daí levantar seria complicado, você ou eu, estamos fracos, a gente planejou coisas, eu sei , e ás vezes me sinto traindo tudo isso que tem ao meu redor, que embora você pense o contrário eu enxergo sim, enxergo inclusive sua paciência desesperada, eu não preciso dela, e quando li sobre ela mais um castelo caiu, porque tinha esforço da sua parte e isso pra mim foi novidade, e aí tem o cinto aqui que eu não sei pra onde vai, se jogo pelo ralo, se troco por uma coleira pra você, por mim, por em mim, eu não pensei que fosse terminar triste assim, eu não esperava te ver disponível naquela merda de facebook tão cedo, mas ok, boa viagem pra você, só não pense que não ta doendo aqui, e quando eu ouço – cart from italy – lembro daquele início, daquela carta toda inocente que mandei pra sua casa, eu queria ter tido uma sua pra guardar, pra ler o que foi vivido assim na mão no bruto, eu evito ficar sozinha pra não correr o risco de, eu evito muita coisa porque sei que é melhor, você me fez sofrer muito, mas me fez tão mais feliz, tão mais mulher, tão mais bonita, segura, você é alguém que foi parte de mim, e não sei, existe essa variável do tempo, ela pode jogar á favor, contra, mas ele muda tudo, mexe em tudo, eu sei que eu sinto muito aqui dentro que agora não dava mesmo, e não é porque quero qualquer outra pessoa, a gente sabe que isso pra mim nunca foi tão fácil e por isso que me dói ainda mais soltar da sua mão, mas acontece que eu preciso ter forças antes que algo aconteça, antes que chegue o natal, antes que eu me sinta presa por algo menos nobre do que o amor, antes que vire doença, eu não tava feliz, tava doendo sempre, e quando eu lembro do início eu queria congelar naquela coisa meio infantil, eu queria aquela cena da barata no skype gravada, eu queria me mandar uma gérbera por dia pra fingir que foi você que veio, eu queria muito ter te dado um abraço de verdade por mais que fosse difícil de largar e arriscado, trocar seu nome no celular me arrancou um pedaço, eu nunca mais vou ouvir -dois- sem chorar, eu tiro forças não sei de onde, eu acredito muito em você, quero que vá muito longe, que vire produtor se achar que faz sentido pra você, eu tenho certeza que te dei muita coisa boa, assim como você me deu um mundo mais confortável e engraçado, lembra da cena do metrô? como a gente se diverte com quase nada, olha, desculpa se eu to sendo fraca, eu to desistindo, isso me dói muito, mas eu não podia mais com a sua ausência, eu não podia mais viver sem você aqui todo dia, a qualquer hora, eu não podia mais com você em doses tão reduzidas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

velevelevelevele



.é quando pensa que hoje pode ser o último dia que você percebe.

a gente passa um tempo grande dizendo qualquer coisa, criando qualquer história, buscando sentido, 
sentir? 
dor?
depois do outro lado tem outro, e outro e outro mais, um de cada cor, de tamanhos diferentes, e é só escolher, só que agora, hoje mesmo acabo de saber que uma escolha só existe quando se trata de coisas ruins, no caso de duas coisas boas não foi escolha, foi destino, ou qualquer coisa grande o bastante, não gosto dessa palavra, mas na falta de outra ela diz, afinal de contas, nada diz exatamente o que gostaria, nem palavra, nem gente, nem gravador. aí eu penso que se a gente dissesse o que é, a gente seria outra coisa, essa coisa de essência é muito demais pro mundo dos homens, a gente é complexo demais, vai no fundo, não olha pra cima e esquece por onde entrou. então, como eu ia dizendo, eu acreditei nela, ela disse que ouviu isso de alguém, ela disse de uma maneira diferente o que já sabia, eu, ela, todo mundo, essa coisa do fatalismo né, eu gosto disso, diminui a gente, diminui a gente não, coloca no lugar, diminui pra gente, sob o ponto de vista da(s) gente(s), eu gosto de tudo que tira a culpa, que tira o peso, que parece lindo, que encanta, isso me encanta, como as princesas, todas vítimas e leves.
tem parada?
eu voltei a enfeitar minha casa, eu não tenho tempo, mas sinto vontade de me abraçar quando chego em casa, eu deito na cama como se fosse a primeira vez, eu quase grito de vontade de ser eu, não tem coisa melhor do que se libertar de si mesmo.
nunca completamente, será?
e quando ela me mostrou os escritos de tanto tempo, eu vi que ele passa, ela e eu nem tanto, mas ele... é o tipo de coisa que quando a gente lembra se olha no espelho e repara mais uma ruga. 
eu não olhei, ando sem saúde pra ruga.
e se der pra ser feliz?
pensa que a culpa não é sua, nem minha pelo amor de god, culpa qualquer coisa maior, qualquer coisa sem nome, alguma coisa forte, que aguente, que dite as regras, que tenha mão firme e que saiba escolher entre coisas ruins também, só pra garantir.


tudo volta?
uma volta?
Duas.
comigo não tá!

.arruma a casa antes de sair, lava a louça, deixa o armário cheio, não esquece as chaves e o chocolate que o restante já volta.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

reacreditando




E aí eu fico pensando que a gente só descobre as coisas no vazio, as coisas mesmo, de verdade, por isso que a gente foge dele, e tem celular, e tem internet, e tem televisão, e tem amigos e namorado. Gente precisa de gente antes de qualquer coisa, mas tem que, tem não, só é quando é físico, todas essas outras coisas não existem e devoram. E aí eu penso também que é muito bom ouvir música, só música, eu já nem lembrava mais como era, e acabei de descobrir um lugar bom de sentar aqui em casa perto da escada e descobri também como seria meu auto retrato do momento, sim, tem que ser do momento, nunca entendi essa coisa de auto retrato da pessoa, como se ela fosse só aquilo, guardada as muitas possibilidades do mesmo, ainda é pouco, pra mim ao menos. Essa janela vermelha, parece que ela sempre esteve super aí pra mim, eu olho pra ela com uma parte aberta, não ela aberta, a parte do trinco de fora, com o vidro fechado, ele tem tantas possibilidades, ela sou eu objeto, então, o meu auto retrato, eu vou fazer, não vou falar, vou fazer senão desgasta a coisa, e depois nem precisa mais existir, a coisa que a gente fala. E aqui dentro tudo gira, tudo sobra, mas eu estou entendendo melhor, aos poucos, acho que eu usei esses dois anos pra correr do caos, não são 2 anos, é um ano e 3 meses, essa fase da razão, do centro, degentegrande, é eu andei correndo do tumulto, mas parece que o tumulto está pra mim assim como eu estou pro tumulto, mas eu to ficando esperta, eu vou colocar o tumulto no lugar certo, ele tava sem lugar antes, agora parece que quem ta sem lugar sou eu, mas eu to olhando em volta, atenta e calma com o celular tocando, vibrando, celular me cansa porque eu uso muito, tudo que eu uso muito me cansa, aí eu preciso dar um tempo, é também um jeito de não criar amor pela coisa, faço eu muito bem. < Fundo musical: com quantos quilos de medo se faz uma tradição? O Zé é foda! > mas então, o celular de alguma forma me tira do vazio e eu to precisando de nada, to precisando mesmo me deparar comigo, mas tem as pessoas que também querem se deparar comigo, e eu mais ainda com elas, porque eu gosto delas, só que eu to precisando usar energia a meu favor e eu sinto que eu entro pela ligação á fora sem volta, agora eu só escrevi porque ele não me atendeu, senão eu ligaria pra ele e pra TV ao mesmo tempo, pronto, mais uma, menos uma tarde. Quando a gente faz análise a gente acha que tudo é transferência, se eu falasse tudo isso pro meu analista ele daria um jeito de me fazer ver que o problema não é o celular, e eu sei disso, percebi agora, mas antes me parecia, a partir do problema aparente você encontra o problema real, se é que ele existe, porque toda hora que você encontra a questão descobre minutos depois que é só uma vírgula, eu nunca vi ninguém falar do ponto. Agora me deu um medo de morrer estranho, eu nunca falei sobre isso, mas agora nesse minuto eu percebi que não contribuo em nada, não contribuo pra mim mesma, jogo contra, eu nem falo inglês, que tipo de gente ela é? E quando a Fátima diz que eu to desanimada, que eu preciso olhar em volta, recuperar alguma coisa que ta indo embora, eu entendo tanto, mas não tem seta, nem fundo <música: yesterday > um ótimo desfecho, porque assim, a vida sabe melhor do que eu quando a bateria está fraca e ela só recarrega com gente de verdade, coisa muitíssimo rara no nosso tempo, e em qualquer outro eu imagino.




.as coisas escritas parecem muito mais sérias.



palavra não ri, palavra trabalha no centro da cidade de terno e gravata e meias combinando com o sapato.palavra tem o um Honda Civic prata e vai ao cinema domingo sim, domingo não.palavra faz uma viagem pro exterior por ano e uma nacional.palavra ouve Blues e Jazz. palavra curte Happy Hour e bebe chope escuro.palavra tem um apartamento quitado e uma aliança no dedo aos 25 anos.palavra namora, casa e tem filhos, nessa ordem com urgência.



aquela menina que ia morar no sul porque se dizia apaixonada, só estava tentando fugir, ela ia se esquecer por um tempo, porque paixão é calmante, mas depois, mais tarde ela ia sair correndo por uma rua dessas, descalça, descabelada, ela ia entrar numa loja e comprar a roupa mais bonita e cara.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

como ou o que dizer pro outro?

eu.

bem, se eu pudesse te dizer, eu diria que hoje eu lavei 14 calcinhas, sim porque eu vou acumulando não sei bem por que motivo, mas eu faço isso, foi sempre assim, aí eu pego e lavo todas, parece que começa tudo de novo, e isso me agrada, essa coisa de tudo de novo.

eu diria também que não é sempre tão fácil quanto parece falar o que se pensa, mas eu acho também que quando a gente fala não significa que é assim pra sempre, só que está sendo naquele momento por questões diversas, e naquela hora era daquele jeito e era importante pra mim escrever o que escrevi e ler o que li.

e aí ontem eu fiquei sentindo essa coisa do vazio, de não saber muito o que fazer sem, de querer sair, beber, mas não tinha forças, e nisso eu descobri que essa zona toda, essa festa constante, embora seja sempre solitária acontece acompanhada de uma força outra que vem de longe, que atravessa de jato, eu fico pensando que você deve ficar um pouco fraco, porque é muita energia que eu demando daqui e deve haver fundo daí.

eu não posso esquecer de dizer nada, então, eu fiquei pensando que se você não quiser mais falar comigo tudo bem, eu mando sua blusa no dia 12 por sedex, porque já comprei, então a gente já tem uma coisa que prende a gente, a gente sempre arruma esse tipo de coisa, tem o show do paul também que eu precisava comprar metrô antes, mas você não atende, depois não vai reclamar que vou querer ir de taxi, porque os bilhetes vão acabar, essa coisa de show grande é um caos.

o chuveiro! o chuveiro está começando a melhorar, hoje vem um técnico aqui e eu não fui trabalhar, e eu até entrei no msn, mas você estava mudo, ontem tomei um banho á noite tão quente, mas tão quente, que ele conseguiu suprir sua falta, como um banho quente pode mudar o rumo de uma noite, se fosse frio provavelmente eu ficaria mal humorada, desesperada e tudo mais, mas não, eu dormi, não tão bem quanto gostaria, mas dormi inteira.

ontem quando eu vim andando pra casa vi que algo estava diferente, aí percebi que eu sempre subia a rua falando com você, você não me buscava por questões geográficas, mas a gente se falava, e eu estava acostumada.

são essas coisas sabe, essas pequenas coisas que fazem com que grandes coisas existam.

a gente existe ainda? não vou ligar, não vou gritar, agora o tempo é seu e está na sua mão, espero que saiba curtir isso, com isso, porque eu to curtindo do lado de cá, eu precisava desse movimento, sinto falta, mas to respeitando essa falta, principalmente por achar que ela não tarda ir embora.

espero que esteja tudo bem por aí como aquele dia que você estava feliz entre amigos me ligando sem retorno, porque eu ainda estou bem com tudo isso, apesar de tudo isso.

beijo, me liga.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

(re)tornando

.essa coisa de administrar muitas versões e visões e perfis e imagens não é pra mim.



.deletei meu face e pretendo alimentar mais esse espaço, ler mais coisas que escolho e me dedicar mais a essa coisa de ser eu mesma, antes de sair por aí criando perfis.



.tudo gira e eu sigo, passo, fico olhando.



tento dar um tropeço, passo
(é hora de fazer a maior lista de diretores de cinema dos últimos tempos só sair da toca depois de ver ao menos 5 de cada um deles)




é tempo de cuidar de si pra suportar esse vendaval que não tarda e chega: falta um mês pra formatura, faltam 3 meses para que a escada passe a ser rolante, falta aquela luminária de 16 reais que ainda não fui comprar, faltam 2 meses pra apresentação do ballet, falta o chuveiro esquentar quando é preciso, faltam 2 pessoas para que todas as cadeiras se ocupem ao redor, falta minha mãe pra esquentar um leite antes de dormir, faltam 2 cachorros atrapalhando toda essa ordem, falta tempo sozinha pra chorar e rir, falta aquela conversa que não chegou na hora certa, falta o quadro branco pra escrever tudo que vier na cabeça, falta tirar as coisas da cabeça, falta calma e gente calma, falta uma mala vazia e uma passagem pra paris sem volta, falta saber que é pra viver e não virar escravo disso tudo, falta acreditar na coisa e ir, falta ir acreditando na coisa, falta tempo, falta ter tempo, falta dar tempo, falta comprar o relógio (de pulso?), falta um chá que encante o dia seguinte, falta aquele brilho no olho de alguém que até quando perde, ganha, falta um chá que encante tudo de novo, falta uma gargalhada que de lembrar dói num lugar que não sei onde, falta um chá que encante o que se tem hoje, falta sair desse monte de gente e tentar ser uma gente só direito, falta um chá que encante o que tem dentro.

.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

a seta e ela


é hora de fazer alguma coisa.

é hora de sair de entrar



de ouvir Beirut

de gritar até perder a voz

de cair até parar de sangrar

de gostar até se perder

de encontrar uma seta e ir

de você com

de você sem roupa


no chão

em cima do

em cima de


olha aquela seta

ela olha pra você?

vai.


falta sinalização

sobra costume e dependência

de que?

sobra medo do futuro

receio de estar andando pra trás

pânico de não chegar á tempo

enjôo de não saber ir


não existe caminho sem placa.


fica tudo preto, tudo branco, tudo cinza

essas 4 paredes com janela e portas

5 portas tão perto não servem

não levam

essa janela que não deve ser aberta

falta coragem

sobra silêncio e muita gente falando:


- É que algumas pessoas falam quando silenciam.



vontade de voltar

de olhar pra trás e me deixar lá

de ficar naquele sonho, naquele vazio encantado

eu preciso saber onde foi que aquela coisa toda se perdeu

quando é que a gente começa a realizar?

por onde existe começo? Recomeço?

eu quero ficar lá

entender

gritar que vai faltar sentido

alguém sobrando no bolso?

quem vende?

quem troca?

eu só queria o luxo de dormir

um favor sem troco

ninguém pode por mim


aquela flor verde que grita seu nome

essa ausência permanente me mostrou esse buraco

ele é redondo

frio

e muito quente


e cheio de gente sem assunto

e têm eco

e têm uma menina de vestido branco que roda

e o vento vêm de cima

e o vestido sobe

e ela roda

e tonteia

e roda pro outro lado

não cai pra não parar

ela roda e ri

ela ri devagar

ri pouco pra não doer

e ela pretende rir a vida toda nesse limite

e o buraco afunda sob seus pés

e as paredes se aproximam

e os braços sobem

e o fundo não chega

e ela não pára

ela ri e roda


a seta olhou pra ela

ela olhou pra seta


e elas foram.


.


.


.