quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Desculpe a solidão

Desculpe a minha invasão, é que a solidão esqueceu de bater. Ela veio assim, e parou diante de mim como quem procura abrigo. Fiz o que pude, disse que não tinha tempo, mas ela disse ocupar somente o suficiente, disse estar por perto quando eu menos esperar. Esteve. Está. Ancorou, e se faz presente quando essa música toca, quando o vendo seca a água que a chuva entornou, quando alguém fala que ama, quando olho pra essa tela, quando me curvo diante do mal necessário, quando sou avisada tempos depois que a oportunidade já passou, quando a caneta cai sequida do lápis, quando alguém desvia o olhar, quando leio livros de auto ajuda que incitam o positivismo, quando ele demonstra se importar com todos menos comigo, quando finjo não ouvir, quando olho pra janela e a vejo fechada, quando minha cortina balança com o vento gelado do ar condicionado, quando minha luminária não acende, quando a ligação cai, quando o dinheiro é pouco, quando as palavras não explicam, quando me vejo na madrugada, quando a almofada salta da minhas mãos, quando minha cama está por fazer, quando o papel acaba, quando a toalha está molhada, quando a luz acaba, quando não encontro uma roupa, quando o ventilador derruba as poucas fotos do meu mural, quando os cachorros não latem, quando a comida não me agrada, quando a casa está vazia, quando a casa está cheia, quando a casa está, quando eu estou, quando, quando, quando... Sempre

Um comentário:

  1. Anônimo7:40 PM

    Maya, isso foi lindooooo!!!!!!
    caramba!!!!!!!!!
    sério, arrepiei aki, to bolada!!!!
    lindo demais!

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