terça-feira, 28 de julho de 2009

Pérola de Clarisse

Ser de uma forma qualquer. O que é isso? Giramos e giramos, todos nós, e sempre voltamos ao mesmo ponto. É tudo tão incerto... Se nada houvesse de mais evoluído, a ostra em sua concha deveria bastar. Não tenho a concha, mas eu não sou solitária não, eu tenho muitos amigos. Tenho condutores por mim, parada ou em movimento, eles apreendem todas as coisas e as conduzem através de mim. Eu me animo e escrevo, sinto com os dedos e fico feliz, eu só estou triste hoje porque eu estou cansada, de modo geral eu sou alegre. Tocar com a minha uma outra pessoa é quase o máximo que eu posso resistir. Bom, agora eu morri, por enquanto estou morta. Eu acho que quando eu não escrevo, eu estou morta. Vamos ver se eu renasço de novo.

Trecho de uma entrevista exibida na exposição "Clarisse Lispector – A hora da estrela"


 


 

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