domingo, 2 de agosto de 2009

Apareço, prometo.

Ontem eu comprei material escolar. Tinha esquecido o quanto isso me dá prazer, essa coisa de início, caderno em branco, caneta cheia, lápis grande, borracha intacta, apontador virgem, tudo isso. Tudo isso é vida, é verdade e não é feio, ou pouco. Estive pensando, e acho que essa coisa de crescer não é de todo ruim. Não, mentira, não é isso. Pensei algo como "crescer e aparecer" e anotei á noite, ontem também quando estava com um sono que há muito tempo não sinto, acho que por causa daquela taça de vinho que tomei com uns amigos, uma amiga inclusive disse que estava tudo combinando: a taça, meu sobretudo, a cadeira, a mesa redonda e pequena, o bar mexicano, a musica do U2, as fotos na parede de carros, o barulho das pessoas falando cada vez mais alto, o garçom estava sofrendo algum problema afetivo, o outro que sofria algum outro problema que já não sei qual era, percebi que sua voz era baixa e a articulação péssima, sei que ali havia problema de alguma espécie, algo que saiu, virou fala mal dita, sorte dele. Mas ela, a minha amiga, não achava que tudo combinava, não, pelo menos não disse, só falou do vinho, do meu figurino, da meia, do sobretudo e tal, o resto eu que achei agora, aquilo tudo era uma coisa só bem lá no fundo. Mas o assunto não é esse, é outra coisa, essa coisa de crescer. Então, pensei que crescer é ficar abarrotado de certezas e gostos já sacramentados, e essa coisa de sacramento me incomoda, é isso que me incomoda. A gente precisa de muita segurança pra virar alguma coisa de fato, por isso o ensaio constante, ensaiar pra vir a ser um dia, quem sabe. Se bem que pensando agora a gente é como qualquer outra coisa que a gente decide e muda de idéia, não precisa ser pra sempre, deve poder mudar e se não puder também eu invento. Que saco isso também, as coisas todas já prontas, parece que alguém manda e a gente sempre obedecendo, um alguém comum mandando e desmandando sem sequer dar a cara á tapa. Eu só preciso acatar e mudar um pouquinho alguma coisa qualquer pra parecer que a regra é invenção minha. Mas eu sei, agora eu sei, que eu preciso obedecer, porque eu não sei bem, não mesmo, até sei, acho que é pra me enquadrar nisso que chamam de vida, pra viver mesmo, nunca pensei, não mesmo que eu fosse tão amadora nessa coisa de vida, a gente, a gente não, eu preciso aceitar isso, isso e muitas outras coisas, aceitar só, só e só. Eu prometo, prometo não, mas vou tentar. Esse período eu me comprometo a fazer as pazes com a vida, se é que um dia a gente esteve numa boa, mas a culpa não é, nem nunca foi minha, pode ver quanta gente aí também não se dá com ela, acontece que ela é muito difícil, autoritária, não sei, mas fazer o que, eu dependo dela e acho que isso não deve mudar, há que se ter paciência e entender que tem gente que é difícil mesmo.

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