domingo, 5 de outubro de 2008

PARTE 2 de algo apenas

(...)

- Você é linda.
- Você, não?
- Teu corpo têm cheiro de livro novo.
- Gosta de ler?
- Gosto. Percebi que os livros escolhem a gente.
- Eu não escolhi você. Ou melhor, escolhi sim. A mulher sempre escolhe, mas se a questão fosse mesmo de escolha, e alguém tivesse me avisado, talvez a minha escolha fosse não te escolher. Talvez eu escolhesse diferente.
- Pois eu não. E nem você, creio eu. Você fala muita coisa que não pensa. Já me acostumei com a idéia de que tudo, ou quase tudo que você diz, não quer dizer, só diz por não saber dizer outra coisa. Por que esconde tanto o que sente?
- Porque todas as vezes que assumi doeu muito. E ainda dói, até hoje. Tenho dificuldade com cicatrizes. Resolvi tirar meu piercing do umbigo depois de 3 anos por mera dificuldade de adaptação a uma aproximação desse porte, e quando ele se foi, ficou um buraco que não fecha.
- Suas comparações são dignas de estudo aprofundado.
- Acha mesmo? Foi só uma tentativa de enlaçar o que não se pode tocar. Sei que isso te irrita. Mas não perco essa mania de desafiar leis gerais, mesmo sabendo que isso te irrita ainda mais.

(...)

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