terça-feira, 14 de outubro de 2008

balão VERMElho

Foi doído ver-te tão comum,
num ônibus cheio de gente que trabalha, come e dorme,
num horário que todos se movimentam por doutrina temporal,
numa rua que nem asfalto tinha.

"A vida não é filme. Você não entendeu?"

NÃO. Você já?
Ninguém quer entender nada.
Ninguém sabe entender.

Ele diz: "quer coisa melhor do que conhecer uma pessoa que não existe?"
quero conhecer alguém que precise.

agora ele se mistura com tu, com nós.
nós: ele quer, tu queres e eu quero.
o querer é o mais ilegítimo dos verbos. em primeira pessoa então, chega a ser ofensivo. é um verbo imóvel, que paralisa. a gente quer o que ainda não têm, e provavelmente não terá, e caso tenha não quererá mais. é um prenúncio, um supiro de Deus, uma frase que antecede aquele silêncio gótico de quando parecíamos estar acabando um em relação ao outro.


"o quereres de estares sempre a fim
do que em mim é de mim tão desigual
faz-me quere-te bem
querer-te mal
bem a ti
mal ao quereres assim
infinitivamente pessoal
e eu querendo querer-te sem ter fim
e querendo te aprender o total
do querer que há
e do que não há em mim"
.querer é não se saber com
.
.

Um comentário:

  1. Quando me mandou o link não era um pedido disfarçado para que eu viesse fazer um comentário não né? As suas palavras já falam por si, por ti... Não precisa de mais complemento algum! Aliás, os complementos são seus outros posts...

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