Ela decidiu voltar pra dentro de. ela percebeu que essa
coisa de ser borboleta, de ver borboleta e de dar borboletas pode não dar certo
em alguns casos. melhor ficar, parar, se concentrar pra não perder as suas.
tudo acaba acabando mesmo. e se, por acaso o seu estoque secar, ela seca
também.
"só se pode encher um vaso
até a borda, nem uma gota a mais". caio
nada a mais. nada mesmo. fique com os seus rumores de dentro de si, não
vá muito pro lado de lá, não precisa ser tão insuportável, senão sangra. senão
a vida fica cinza e dentro também. cuida pra que dentro as cores estejam
equilibradas. não oferta demais. agora trata de receber. já foi o tempo do que
não pode, já foi o tempo de aparar as coisas que voam. se cortar mais, morre. nem uma gota a mais. é secando que se renova
de qualquer forma. agora trata de fazer assim, olha ao redor, procura caçar as
borboletas que estiverem precisando de casa, coloca dentro da cabeça, conserva
a vida, conserva o vôo, conserva o que sempre foi teu, depois você solta,
recicla sua cabeça pra voltar pra'quilo que sempre te ajudou a fazer parecer
possível, reencontra essa coisa de magia que alguém disse que não tinha mais.
não desperdiça as cores que te ficam, o tempo trata de cuidar disso, não deixa
que esses outros tratem de acelerar essa falta, não deixa que peguem nada sem
devolver, se pega azul, devolve rosa, mas devolve. se não devolve, não dá mais.
senão acaba. pode acabar, mas quando acaba, a dor volta ainda mais forte. cuida da vida sem dor.
não, não pode acabar não. cuida do teu estoque pra não colar no chão.
os passarinhos aqui de fora não param de cantar mesmo nesse dia cinza.
os passarinhos aqui de fora não param de cantar mesmo nesse dia cinza.
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