eu queria falar sobre essas dores que eu tenho
sentido, dores musculares, os músculos estão berrando, saltando e eu já não sei
mais como caber nesse excesso. dores. dores como eu não me lembro de ter
sentido. começou no ombro quase como um pretexto de cuidado do outro. depois o
joelho não me deixou mover por uma noite. depois a posterior da perna esquerda.
e agora as costas, num lugar preciso, um lugar que eu nem sabia que existia,
mais pra esquerda. dói muito. eu to escrevendo pra ver se passa a doer menos.
não tem nada de altruísta nisso, essa é
uma escrita que pretende curar. eu vou contar. vou dizer que você não pode dar
a entender tanta coisa que não pode sustentar. eu fico aqui com esse aparador
do out back que ganhei de presente mais ou menos, um presente seguido de não,
não faz isso, será? medo. medo demais. te falta capacidade de sentar e deixar o
tempo passar, sentar em qualquer lugar sem escolher muita coisa. o pior é que
eu to numa fase da vida que não cabe lamento, não cabe sofrer, só cabe essas
dores que estão me paralizando. tudo começou com muita coisa sentida, a gente
observava em si, a gente entendia um pouco do mundo a partir do que a gente era
junto. tem um cara auto centrado que é viciado em falta, que nunca está
satisfeito, que não dá conta de ser menos em nenhuma área da vida. ele vem com
muita força, fala alguma coisa sobre esperar o tempo necessário, sobre um
coração que fica em paz com boas escolhas, fala sobre futuro abessa, sobre
muitas coisas que ele nunca, algumas coisas sempre, ele sempre quis conversar
com alguém de verdade, sempre quis ter seu espaço apesar de estar a dois,
sempre quis morar no alto paraíso, sempre quis uma mulher inteligente, ele
nunca tinha planejado uma viagem antes, ele nunca tinha se sentido tão bem, ele
queria fazer isso por ela, ele dizia que queria. ele despertou uma coisa quase
que insuportável pro mundo, pro mundo dela. tem um tipo de gente que quer
demais, que anda por aí se decepcionando com o que as pessoas poderiam ser e
não são, é um tipo de gente que quando encontra alguma coisa que parece fazer
sentido entra na coisa de um jeito bruto, faz o que pode, diz quase tudo por
si, pra si, o o outro pode achar que ele faz parte disso tudo, mas ele não faz,
por acaso é ele, esse tipo de gente fala pra se convencer, o outro entra na
dança também convencido achando que é isso mesmo que tem alguma coisa ali muito
forte. forte. forte por fora, mas por dentro é uma coisa arisca que foge do que
deseja.
aí, aconteceu muita coisa, teve até intervenção espiritual, de outro
plano, teve gente abençoando, mas não adianta, ás vezes a gente não esta
preparado pra ter o que pensa querer. as vezes a gente deixa passar. muita gente deixa
passar. desde o início já era sabido que tinha uma força estranha ali, não seria fácil, desperdício.
eu só queria que essa dor nas costas fosse embora. existem muitos mistérios entre as pessoas, existe um
abismo enorme, pode ser insuportável essa capacidade de ver no outro espelho.
- cuida de não se desalinhar com o que a vida te oferta. ela não costuma ser tão generosa, ás vezes as coisas se definem e não tem mais volta. cuida de ter coragem pra escolher e ficar na coisa, mesmo que doa. porque vai doer de qualquer jeito.
- cuida de não se desalinhar com o que a vida te oferta. ela não costuma ser tão generosa, ás vezes as coisas se definem e não tem mais volta. cuida de ter coragem pra escolher e ficar na coisa, mesmo que doa. porque vai doer de qualquer jeito.
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