domingo, 11 de novembro de 2012

paint paint paint


Eu queria falar um pouco sobre essa espera.
A gente não sabe de onde vem, a gente queria que já chegasse, a gente queria nunca ter tido pra não ter que aguardar o retorno, eu agora vivo o caos de não saber sair daquilo, de continuar presa de um jeito abstrato e cheio de cerejas em volta, tem muita coisa que olha pra gente, e ás vezes isso que olha dói, ás vezes não dói, mas sempre muda alguma coisa, há que se ter cuidado, há que se cuidar, há que cuidar menos dos olhares outros e focar no seu. 
Você olha pra que? 
Por que? 
Pra dentro? 
Dentro tá onde? 
Você sabe ainda? 
Ainda dá pra achar você nessas escadas e areias todas? 
Muito degrau, muita cor, muito preto, pouco branco. Isso tudo vira algo, e têm aquele posto, tem aquela rua, aquele túnel, tem as crianças que morreram na escola, as chuvas de verão em maio, têm tudo isso e ele ali parado, correndo da cor, correndo de tudo que faz rir e faz sangrar também. 
Mas que sangue é esse que de tão azul e precioso não deve escorrer sob nenhuma condição, sob nenhum outro sangue azul claro?
Acabo de ouvir:  há um caminho muito duro a percorrer, muito duro e difícil, então espere.
Deve sentar?
E todas essas questões de pele que surgem com esse aguardo todo? 
E o intestino que cada dia vai piorando? 
E o corpo que envelhece?
Ana disse que agora tudo seria dito, seria claro, seria, seria, seria, mas como? 
Que mundo é esse que usa o facebook pra manter relações? 
Que relações são essas que nunca existiram?  
Pode ser que jogar gelo no vinho seja a coisa mais autêntica já feita, e tem essa coisa também de chegar em casa e ligar a TV, você liga pra desligar você. Eu não sei não, mas tem algo que não acontece nesse tempo. 
Ou será que sempre foi assim? 
Pode ser?
Existem mais coisas que acontecem ou não?
E quando a gente desiste de esperar o que  acontece?
O que vêm depois da espera?
Me espera na ativa?
Quantas pessoas esperam pela gente?

Você tem q aceitar
 e uma forma de aceitar é também intervir na mudança.

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