terça-feira, 12 de maio de 2009

estrangeiro

Eu preciso dizer uma coisa. É que as coisas mudaram, sabe. Eu não rio mais de tudo, não tenho mais cabelo grande e nem acredito mais em pessoas, você acredita? Pois é, quem diria, dei agora pra ir contra o que sempre fui a favor. Mas a vida é assim né? Deve ter haver com essas mudanças que desencadeiam sofrimento exacerbado que quase sempre levam a alguma coisa muito boa depois. Eu apenas tenho me ocupado em estar nas coisas mais simples sem muitos artifícios. Tá bom, não é tão fácil não. Mas pelo menos eu me esforço, e você? Continua aí parado, andando, sei lá, mas sempre aí, com essa mesma cara, postura. Que saco isso! Me irrita, sabia? Queria que você fosse outro, diferente daquele, porque eu já não sou mais aquela. E essa não se interessa por aquele, mas por um outro, quem sabe? E mesmo sendo outro você ainda seria um pouco daquele, isso facilitaria a nossa situação. Mas não, você parou. E não me venha com a história de que eu ainda nem vi nada, de que é só impressão. Não, eu sei que não é. Essas coisas a gente não precisa conversar mais do que 1 minuto pra saber. Você continua manso. Eu odeio gente mansa. Que saco! Com as mesmas histórias, os mesmos tempos. Eu gostaria, é isso que vim te dizer, que você mudasse, alterasse, acelerasse seu tempo. Isso, pra que a gente falasse pelo menos do passado, pelo menos. O passado é tão bonito, sabe. Esses dia mesmo, estava lendo uma espécie de diário que escrevia lá pelos 13 anos, é impressionante como a dor vira outra coisa, quando é nossa, quando a gente lê, ficou bonito sabe, parecia filme, os encontros, as questões, tudo pequeno, no seu tamanho e lindo. É por isso que você não tem o direito de se materializar dessa forma comum. No presente as coisas tem de ser grandes. Eu queria você estrangeiro. Gente nova. Será que não dá pra você fingir pelo menos? Me olhar diferente, sei lá. Mudar de profissão, ter outra banda, mudar o corte de cabelo, tudo bem, eu sei que você não mora mais em santa, mas botafogo? Regredir também não dá. Botafogo só tem sinal, carros e pessoas correndo. Então, é meio isso. E é bom que você faça alguma coisa, não por mim, por você. Será que é possível? Só o cabelo pelo menos, eu prometo tentar. Pometo não. Eu vou tentar.

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