sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

vem ver

às vezes sinto uma vontade irremediável de escrever...
é nessas horas que as palavras correm, voam como se me dissessem:
- Aguenta isso tudo sozinha.
- É pesado demais.
- Sabe que não.
- Não, não sei.

minhas costas doem e eu culpo os excessos físicos, só depois vejo que na verdade o que falta é justamente ele, o excesso. tudo tão contido, tão equilibrado que dói, dói na alma.
.
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a escrita acorrenta. e quando ela me pede que vá, eu imploro pra que fique,
como uma amante pede a noite do seu aniversário
implora por

algumas horas que sejam.
só quero durmir essa noite.

sabe quando a noite briga contigo para que não durmas, para que viva cada segundo que ela oferece? dói tanto que parece tortura. a cama pesa sob minhas costas também doídas de tantas cruzes reservadas pro meu bel prazer. não sei quando é cruz, quando é flor. dói sempre tanto. o olho não quer fechar. eu insito, brigo com meu sentido inquieto. eles não se fecham, a cabeça não pára de pensar no que poderia ter acontecido, no que gostaríamos com devoção que fosse menos abstrato. vivo o futuro de anos numa só noite e acordo com a melancolia daqueles que não têm muito mais o que fazer de olhos abertos.

3 comentários:

  1. Anônimo12:42 AM

    "não sei quando é cruz, quando é flor. dói sempre tanto"

    começou meio clarice. correu tão maya. tudo lindo, tudo. traduzindo o que eu também sinto e não sei dizer. falando sobre o intraduzível. e deixando coisas no ar. coisas também sobre nós (como uma amante pede a noite do seu aniversário) e sobre os nós.


    por essas e outras que vc faz parte de mim.

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  2. Anônimo1:07 AM

    e teimo em dizer que "fica bom de qualquer jeito". afinal, é você ali.

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  3. nao sabia q eu conheci uma escritora tao apaixonada e apaixnante!!!!

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Fala que eu quero ler.