terça-feira, 13 de agosto de 2013

ela e o país das maravilhas

- deixa a porta aberta, não fecha não, é, hoje eu quero assim, hoje eu preciso assim, porque sabe me bateu um medo do mundo, um medo de não dar conta, um medo de ser espremida no meio dessa confusão e atropelamentos de gente, eu me lembrei do quanto a gente é só, assim, eu, eu me dei conta, e lembrar disso me dói, talvez porque seja a única coisa definitiva no mundo, uma coisa que a gente não escolhe, somos sós, nós somos sós, e na hora do aperto não tem mão, não tem abraço, não tem, tem um buraco, um buraco que só você vê, um buraco feito sob medida pra  você, é importante doer, aguenta, fecha a porta, não adianta que ninguém vai ouvir, dorme, sonha na cama sozinha mesmo quando morre de medo de, medo de sorriso muito aberto, medo de elogio, medo de ajuda, medo de amor mesmo sabe? sabe quando dá medo de amor?  gente, morro de medo de morrer de medo de gente, de não conseguir mais olhar no olho por medo de ser puxada pra dentro desse lugar que a gente nunca conhece bem, a coisa da porta, não foi sempre assim, mas, hoje, eu tenho medo, não vejo, sozinha, numa cama grande, azul, um azul bonito, essa cama tem um buraco fundo, entro nele, num buraco, e saio num lugar maravilhosamente meu, ela não olha, a cama, ela não apavora, gente é apavorante e eu não sei mais o que fazer comigo nisso.

3 coisas que você (eu) levarei para o lugar maravilhosamente meu:

- Óculos de grau,
- Uma blusa de manga longa,
- Um saco de Machimelow,
- Almofada amarela,
- Raquete de matar mosquito.

A loucura deve ser parecido com isso, 
você fecha o olho porque não aguenta ver 
e entra no único mundo que você consegue.
A loucura é uma distração prolongada.

Tudo isso pra dizer que eu to com medo de perder o gosto por gente.

definitivo,
exagerado 
crucial,  
dor no estômago.

ps: como o ser humano é patético.