terça-feira, 24 de abril de 2012

pra quando você chegar

 

Look 001

a sensação que dá lá no fundo é que você nunca há de ver o que têm aqui dentro, tem uma coisa de parto, parece que a briga é pra se acostumar com o buraco, com o vazio constante, será que viver tem haver com esse buraco que a gente insiste em colocar areia e não vê por onde ela sai? e eu agora vou comer o ¼ restante de subway que comprei, comprei aquele de 30 centímetros porque era o do dia bem mais barato, não tive coragem de comprar menor quase pelo mesmo preço, você faria o mesmo, você ficaria decepcionado se eu tivesse optado pelo menor, lembrei que a gente tem essa coisa de não deixar sobrar nada, achei engraçado, íntimo, acho que isso é o que a gente tem de mais nosso, a gente não deixa sobrar nada, eu acho isso realmente muito romântico, e tem dois dias que você não aparece, eu tinha me prometido que o próximo que desaparecesse mais de dois dias ia desaparecer pra sempre, mas cansei desse argumento, quando a coisa tem haver com buraco a gente não consegue mais teorizar, a gente descobre que gosta de uma pessoa quando tem muitos motivos pra não estar com ela e mesmo assim permanece, e eu penso também que elevada a quinta potência isso se chama obsessão, eu tenho uma tendência á, mas não cheguei lá, não mesmo, me cuido, e tem outra coisa, quando eu começo a me acostumar com o buraco vazio você volta, volta todo sorridente de surpresa, você ama surpresas, elas sempre estão vinculadas ao tempo no seu caso, a datas, a agenda, ao tempo, variável que eu mais prezo que invarie, acho que criei uma palavra, acho que você volta amanhã, combina com você voltar um dia antes, dar uma sumida rápida, me deixar apreensiva e de repente ligar dizendo: cheguei! você adora se dar de surpresa pra mim, eu fico feliz claro, fico muito feliz, desmarco tudo que tenho e vou te ver, mas daí logo logo o buraco esvazia de novo, a gastrite ataca, eu queria que você não ocupasse meu buraco, mas continuasse aqui pra mim, não sei como seria isso, eu queria não deixar essa areia escoar, eu preciso voltar a treinar, preciso também pegar a receita do risoto pra fazer na quarta.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

coisa dentro

e agora fuma um cigarro e pensa que entra mais coisa, me pergunto se um dia sai, essas coisas todas saem por onde, você sai por onde, tem o cinzeiro que é tão preto e branco, a cerveja, tem o habito de ficar só que quase sempre faz correr, correr, correr pra qualquer lado, tem o amor, o amor que não sabe se o é, a vida passa, o tempo não passa, você nunca chega até você mesmo, tem a análise que vai aumentar, tem a viagem pra inhotim, tem a menina linda, cada vez mais linda que chegou de paris, tem o compromisso com tudo isso, tem a festa de amanhã, existe uma roupa melhor, existe a dor de não receber um abraço, mas a gente cresce, cresce pra tudo que é lado, ainda mais quando é egoísta, tem o espelho que ele é que reflete isso tudo, não dá pra ver, tem a dor daquela mãe, tem uma outra menina que voltou, que sofreu, que me deu o cinzeiro, que eu não sabia mais, ela é linda, quando sabe ser, tem o outro, tem ele que sente demais e você pensa se um dia sentiu assim, tem a vontade de correr, tem o joelho que dói, tem aquela festa, tem aquelas pessoas que ficaram na juventude, ficaram onde você está e você não está lá, nunca esteve porque nunca soube estar mesmo onde a coisa aperta, tem vodka de cereja, tem a amiga de paris, tem a outra que baixa aquela série, não baixa mais, tem a porta que não abre, a barata que pode chegar, o vídeo que precisa ficar pronto, tem você, tem o pai de verdade que está internado, você sabia, você sentiu, como faz pra sentir um sangue que é o mesmo do seu, você conhece a cor do sangue dele, tem tudo que passou, as flores pela casa, a magia que não volta, a dureza de uma realidade sem palco, a falta de foco, a atenção precisa, tem o cigarro que faz teck, de menta que dá prazer porque, não se sabe sobre dor e prazer, tem a análise que precisa de mais dinheiro pra existir, tem a existência que é só, ele chora por tudo, por você, pelo que não foram, pelo que poderiam ser, tem a bahia, as mulheres casadas com filhos, tem receitas de risoto, tem dicas de como ser da melhor maneira pra ele não de deixar, tem miami que nem tem muito também, tem fuga, sempre tem, sempre teve, tem a menina mágica, amizades magicas, quando não tem você não sabe, a mineira que quer ser só no brasil , que quer se mostrar linda, porque é e não sabe tanto que é, tem o livro que precisa acabar, tem cadeiras pra sentar, sempre haverão cadeiras vazias sem sentido, cadeira não precisa de sentido, só de posição, tem o chão que precisa ser marcado, a sequencia que precisa ser ensaiada, o cigarro que arde a garganta, a bebida sozinha, ela e ela, tem tanta coisa que não dá pra dizer, tanta coisa que não dá pra, tanta coisa sem lugar, sem cadeira, tem a menina de paris, tem o futuro, tem a ausência de presente, tem a dor da fumaça, tem o mundo melhor, a vida sem dor, o nome da coisa com letra maiúscula, o cheiro de sabonete do vizinho, a luz apagada na cozinha, a cozinha que já esteve habitada, bem habitada, tem mais quem, tem o limão, o limoeiro, tem alguém no meio disso?

terça-feira, 17 de abril de 2012

medo medo medo

eu preciso aprender a me soltar.

eu preciso me deixar em paz.

eu ando triste demais, sozinha demais, minha garganta quase sempre parace que vai explodir dizendo alguma coisa que não pode ser adiada, dor física, dor de me sentir tão cruel, tão firme demais, moralista demais, séria demais, preciso aprender a ser o que eu sou sem sangrar, fazer as pazes com o excesso e não correr dele como uma criança com medo, preciso andar de mãos dadas com o excesso, gostar dele, transar com ele, casar com ele, pra depois pedir o divórcio quem sabe... você é capaz de ser livre o suficiente a ponto não precisar se prender em lugar nenhum? eu tenho medo de muita gente, eu tenho medo quando não tem gente, medo de barata, medo do carnaval, medo de tanta emoção descontrolada, eu tenho medo da primeira vez, eu tenho medo de mim nessa zona toda, eu tenho tido cada vez mais medos, eu tenho medo do amor, eu tenho medo do meu amor, eu tenho medo do tamanho do meu amor, eu tenho medo do tamanho do amor que eu possa sentir por você, eu tenho medo que o amor me leve de mim, eu tenho medo da leveza, tenho medo do pesado, tenho medo de parar no meio, de parar no meio e morrer atropelada. eu tenho medo de gente feliz demais, eu pareci feliz demais por muito tempo, pode ser por isso que eu tenho evitado sair de casa, a tristeza não combina com o que eu faço.