quinta-feira, 23 de junho de 2011

reacreditando




E aí eu fico pensando que a gente só descobre as coisas no vazio, as coisas mesmo, de verdade, por isso que a gente foge dele, e tem celular, e tem internet, e tem televisão, e tem amigos e namorado. Gente precisa de gente antes de qualquer coisa, mas tem que, tem não, só é quando é físico, todas essas outras coisas não existem e devoram. E aí eu penso também que é muito bom ouvir música, só música, eu já nem lembrava mais como era, e acabei de descobrir um lugar bom de sentar aqui em casa perto da escada e descobri também como seria meu auto retrato do momento, sim, tem que ser do momento, nunca entendi essa coisa de auto retrato da pessoa, como se ela fosse só aquilo, guardada as muitas possibilidades do mesmo, ainda é pouco, pra mim ao menos. Essa janela vermelha, parece que ela sempre esteve super aí pra mim, eu olho pra ela com uma parte aberta, não ela aberta, a parte do trinco de fora, com o vidro fechado, ele tem tantas possibilidades, ela sou eu objeto, então, o meu auto retrato, eu vou fazer, não vou falar, vou fazer senão desgasta a coisa, e depois nem precisa mais existir, a coisa que a gente fala. E aqui dentro tudo gira, tudo sobra, mas eu estou entendendo melhor, aos poucos, acho que eu usei esses dois anos pra correr do caos, não são 2 anos, é um ano e 3 meses, essa fase da razão, do centro, degentegrande, é eu andei correndo do tumulto, mas parece que o tumulto está pra mim assim como eu estou pro tumulto, mas eu to ficando esperta, eu vou colocar o tumulto no lugar certo, ele tava sem lugar antes, agora parece que quem ta sem lugar sou eu, mas eu to olhando em volta, atenta e calma com o celular tocando, vibrando, celular me cansa porque eu uso muito, tudo que eu uso muito me cansa, aí eu preciso dar um tempo, é também um jeito de não criar amor pela coisa, faço eu muito bem. < Fundo musical: com quantos quilos de medo se faz uma tradição? O Zé é foda! > mas então, o celular de alguma forma me tira do vazio e eu to precisando de nada, to precisando mesmo me deparar comigo, mas tem as pessoas que também querem se deparar comigo, e eu mais ainda com elas, porque eu gosto delas, só que eu to precisando usar energia a meu favor e eu sinto que eu entro pela ligação á fora sem volta, agora eu só escrevi porque ele não me atendeu, senão eu ligaria pra ele e pra TV ao mesmo tempo, pronto, mais uma, menos uma tarde. Quando a gente faz análise a gente acha que tudo é transferência, se eu falasse tudo isso pro meu analista ele daria um jeito de me fazer ver que o problema não é o celular, e eu sei disso, percebi agora, mas antes me parecia, a partir do problema aparente você encontra o problema real, se é que ele existe, porque toda hora que você encontra a questão descobre minutos depois que é só uma vírgula, eu nunca vi ninguém falar do ponto. Agora me deu um medo de morrer estranho, eu nunca falei sobre isso, mas agora nesse minuto eu percebi que não contribuo em nada, não contribuo pra mim mesma, jogo contra, eu nem falo inglês, que tipo de gente ela é? E quando a Fátima diz que eu to desanimada, que eu preciso olhar em volta, recuperar alguma coisa que ta indo embora, eu entendo tanto, mas não tem seta, nem fundo <música: yesterday > um ótimo desfecho, porque assim, a vida sabe melhor do que eu quando a bateria está fraca e ela só recarrega com gente de verdade, coisa muitíssimo rara no nosso tempo, e em qualquer outro eu imagino.




.as coisas escritas parecem muito mais sérias.



palavra não ri, palavra trabalha no centro da cidade de terno e gravata e meias combinando com o sapato.palavra tem o um Honda Civic prata e vai ao cinema domingo sim, domingo não.palavra faz uma viagem pro exterior por ano e uma nacional.palavra ouve Blues e Jazz. palavra curte Happy Hour e bebe chope escuro.palavra tem um apartamento quitado e uma aliança no dedo aos 25 anos.palavra namora, casa e tem filhos, nessa ordem com urgência.



aquela menina que ia morar no sul porque se dizia apaixonada, só estava tentando fugir, ela ia se esquecer por um tempo, porque paixão é calmante, mas depois, mais tarde ela ia sair correndo por uma rua dessas, descalça, descabelada, ela ia entrar numa loja e comprar a roupa mais bonita e cara.