quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

a seta e ela


é hora de fazer alguma coisa.

é hora de sair de entrar



de ouvir Beirut

de gritar até perder a voz

de cair até parar de sangrar

de gostar até se perder

de encontrar uma seta e ir

de você com

de você sem roupa


no chão

em cima do

em cima de


olha aquela seta

ela olha pra você?

vai.


falta sinalização

sobra costume e dependência

de que?

sobra medo do futuro

receio de estar andando pra trás

pânico de não chegar á tempo

enjôo de não saber ir


não existe caminho sem placa.


fica tudo preto, tudo branco, tudo cinza

essas 4 paredes com janela e portas

5 portas tão perto não servem

não levam

essa janela que não deve ser aberta

falta coragem

sobra silêncio e muita gente falando:


- É que algumas pessoas falam quando silenciam.



vontade de voltar

de olhar pra trás e me deixar lá

de ficar naquele sonho, naquele vazio encantado

eu preciso saber onde foi que aquela coisa toda se perdeu

quando é que a gente começa a realizar?

por onde existe começo? Recomeço?

eu quero ficar lá

entender

gritar que vai faltar sentido

alguém sobrando no bolso?

quem vende?

quem troca?

eu só queria o luxo de dormir

um favor sem troco

ninguém pode por mim


aquela flor verde que grita seu nome

essa ausência permanente me mostrou esse buraco

ele é redondo

frio

e muito quente


e cheio de gente sem assunto

e têm eco

e têm uma menina de vestido branco que roda

e o vento vêm de cima

e o vestido sobe

e ela roda

e tonteia

e roda pro outro lado

não cai pra não parar

ela roda e ri

ela ri devagar

ri pouco pra não doer

e ela pretende rir a vida toda nesse limite

e o buraco afunda sob seus pés

e as paredes se aproximam

e os braços sobem

e o fundo não chega

e ela não pára

ela ri e roda


a seta olhou pra ela

ela olhou pra seta


e elas foram.


.


.


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