terça-feira, 20 de outubro de 2009

um casamento


quando eu crescer, quero me casar.
(foto de uma amiga que acaba de. uma irmã que de tão especial se casou)

tempo tempo tempo

- "Eu acabou sempre fazendo coisas para não gritar"

- o que é isso?

- trecho, frase do caio. acho que todo mundo na verdade faz tudo que faz pra não gritar, a gente trabalha, bebe, namora, tudo isso.

- não sei se concordo. a bebida por exemplo, a gente bebe justamente pra gritar, pra fazer o que quer, quando e com quem.

- não, a gente bebe pra não gritar e depois acaba gritando.

- não, a gente bebe pra gritar. se a gente grita quando bebe, a gente bebe pra gritar.

- acho que o grito, nesse caso é conseqüência, não causa. essa coisa de bebida... acho decadente as culpas que o álcool carrega. quando a gente bebe pode viver num filme. o beijo pode ser o beijo, e muitas vezes é, porque a bebida tem disso, ela coloca a gente no presente e a gente ao invés de agradecer sofre no dia seguinte. a gente sofre por agir, por sair do lugar, por dar um passo que não se sabia capaz.

- é porque muita coisa começa no álcool e se afoga nele mesmo.

- pois é, mas ás vezes é só isso mesmo que precisava. uma porta que abre e fecha no mesmo dia, e é esse dia que pode compensar todos os outros, esse dia pode ser o grito.

- um dia não deve compensar outro, ele deve ser um dia, e isso deveria ser muito. mas aí tem o futuro. ele é o mais possessivo dos tempos, o passado pode parar a gente, mas em geral é o futuro que é o guia maior.

- não é a gente que tem que pensar nele. pretensão nossa e perca de tempo.

- é, a gente passa a vida querendo ganhar e no final perde a única coisa que depende só da gente ganhar ou não.

- e ganhar é viver só. ganhar tempo e do tempo. pode ser bonito, e deve porque é a arte que imita a vida e não o contrário. o tempo existe e devora (mais uma do caio), não admito ser devorada. a gente precisa curtir com ele, dele e tudo mais. too pensando em organizar um movimento, seria algo como: viva no tempo certo. é algo como se ocupar com o que lhe cabe, a gente precisa pensar em abrir portas, o resto não é com a gente – quando que ela fecha ou quem vai entrar.

- tempo certo? a hora certa é com ou sem horário de verão?

- sem.

- com me parece bem mais orgânico. nada é exato, e falando de tempo. ele por si só já muda de uma pessoa pra outra. 1 minuto de vento no rosto é bem diferente de um minuto com calo no pé.

- tem alguém batendo!

- ta esperando alguém?

- não. atende pra mim!

- ah não! você nunca atende nada, porta, telefone. Hoje eu não vou.

- tudo bem. deixa tocar.

- mas eu não suporto.

- então abra.

- como você agüenta?

- o quê?

- saco! você devia deixar essa porta aberta. já vai!