quarta-feira, 29 de abril de 2009

astrologicamente falando

(...)
"Na realidade, em todas as Eras houve dificuldade em se equilibrar os dois signos envolvidos. A humanidade passou boa parte da Era de Peixes tendo sua capacidade de análise e discernimento (simbolizada por Virgem) bloqueada por crenças impostas de cima para baixo. Quando, a partir do século XIX, o espírito científico começou a se desenvolver, daí foi Virgem que assumiu a supremacia. Descartou-se tudo o que não se podia explicar e iniciou-se um período de excessiva racionalidade e fragmentação, que resultou no surgimento em massa de doenças emocionais decorrentes da falta de conexão com algo maior (por que você acha que tantas pessoas se drogam no mundo?).

A Era de Aquário não é, portanto, uma Era que automaticamente vai nos conduzir a fraternidade, a um entendimento extraordinário de quem somos e do que o mundo é, a uma nova forma de organização, a uma descoberta sem precedentes de nosso poder mental e a um uso adequado dele. E por que não? Porque Aquário não é um signo melhor do que Peixes, assim como Peixes não é melhor do que Áries, assim como nenhum signo é melhor do que outro. Em cada Era, nós temos escolhas a fazer. A tecnologia, principal promessa da Era de Aquário, tanto pode nos levar a uma separação do nosso lado instintivo, tornando tudo excessivamente lógico e frio, como pode ser tão aperfeiçoada que nos leve a sanar os problemas que até agora criamos com o uso dela. A penetrante mente aquariana tanto pode nos levar a finalmente rompermos com antigos comportamentos danosos quanto nos trazer agitação, alienação e rebelião, sintomas já presentes atualmente. A Era de Aquário será, sem dúvida, caracterizada por uma grande mudança em relação às outras Eras, porque isto faz parte do símbolo de Aquário. Mas isto nos levará a um mundo realmente melhor? Afinal, quem tem razão: os intelectuais que prevêem um mundo frio, excessivamente racional e controlado, ou os místicos que falam em uma era de amor?

O potencial da Era de Aquário seria para que nos víssemos como uma só raça (já que até agora nosso passatempo foi nos aniquilarmos mutuamente), e, a partir disso, nos uníssemos, sendo capazes, por esta razão, de avanços inimagináveis, e de criarmos um novo sistema de vida, que rompesse integralmente com o que de negativo vivemos até aqui. Uma Era de Aquário realmente avançada também não descartaria que viéssemos a realizar um intercâmbio com outros habitantes de outros planetas, seja através do desenvolvimento de tecnologias revolucionárias, seja porque finalmente estaríamos prontos para isto. Uma Era de Aquário ‘bem feita’ teria de ter presente os atributos positivos de Leão, como a valorização do indivíduo e da criatividade, do coração e do calor, para que a sociedade não se tornasse por demais fria, mecânica e lógica. O bem estar do indivíduo (Leão) teria de ser levado em consideração tanto quanto o bem estar do grupo (Aquário), pois um não pode predominar sobre o outro sem que isto gere desequilíbrios. Só que a Era de Aquário não vai trazer tudo isto ‘de bandeja’. Nós teremos de conquistar esta ‘promessa’ positiva que está embutida nela. Estaremos sendo chamados a escolher tanto quanto fomos em outras Eras. Por exemplo, a Era de Peixes poderia ter sido muito especial em termos de compaixão, abrandamento de nossas características mais destrutivas e agressivas, e não o foi. Ao invés disso, apareceu o lado negativo de Peixes, como a cegueira, a incompreensão e a histeria (as Santas Inquisições, por exemplo).

Você talvez se pergunte o que pode fazer, como indivíduo, para que possamos realmente começar uma nova Era, um novo tempo, transpondo para o coletivo o potencial que já existe em indivíduos mais evoluídos, mas que nunca existiu em escala maior. Simplesmente desenvolva o lado positivo de Aquário. Olhe mais para o coletivo. Interesse-se mais por ele. Não veja a sua vida como limitada apenas a sua casa e às pessoas próximas. Enquanto houver pessoas miseráveis e escravizadas no mundo mesmo o mais lindo recanto com a maior harmonia poderá ser atingido. Aquário quer dizer que todos somos um povo só. A hora em que nos virmos como o povo da Terra, que é por ela responsável, aí sim estaremos entrando em uma nova Era. Sem o desenvolvimento disso, a Era de Aquário será como todas as outras, até que resolvamos mudar. A escolha será de cada um de nós. "

ando pensando muito sobre.
existe tanta coisa para além-tudo.
deve explicar alguma coisa.
o artigo inteiro é bem interessante.
tem dimensão, se distancia da escala óbvia humana e medíocre.
percebi que tenho pânico do que é médio.
é a única coisa que sei não querer.
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terça-feira, 21 de abril de 2009

coresnocaio - sobre tantas pérolas

"Fico tão cansada às vezes, e digo para mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. (...)então eu não sentia nada, podia fazer as coisas mais audaciosas sem sentir nada, bastava estar atenta como estes gerânios, você acha que um gerânio sente alguma coisa? quero dizer, um gerânio está sempre tão ocupado em ser um gerânio e deve ter tanta certeza de ser um gerânio que não lhe sobra tempo para nenhuma outra dúvida..."

"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!”

“Ando angustiada demais, meu amigo, palavrinha antiga essa, angústia, duas décadas de convívio cotidiano, mas ando, ando, tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, ,veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara.”
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"Pensar é ainda fuga:
aprender subjetivamente a realidade de maneira a não assustar.
Entrar nela significa viver."
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trechos submersos do caiofernandoabreu
eu preciso de palavras que me levem embora daqui, como essas, mas sem fim.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

algo cenicamente também (ainda) não dito

Andei pensando sobre essa coisa de dizer algo. A necessidade, a urgência de dizer. Pode ser uma angústia pessoal: a dificuldade de dizer o que precisa ser dito, mas acho que não. Talvez seja o mal do século: falar alguma coisa sobre uma outra, que dá na outra, que dá na outra, que dá na outra...

Vamos lá.


Você acende o abajur do canto, apaga a luz mais forte pra criar um clima e começa a falar. Diria, por exemplo: Como você sabe, a gente, as pessoas infelizmente têm essa coisa, emoções... Talvez eu perguntasse: Infelizmente? Você continua: Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente (você insiste), infelizmente nós temos emoções.

Tem uma citação do caio que é assim:
“as pessoas falam coisas,
e por trás do que falam há o que sentem,
e por trás do que sentem há o que são”.
É por causa dessa falta de controle que você diria isso, eu imagino. Essa coisa de não saber quando chegou o fundo é difícil de lidar.

Há meses que eu espero pelo momento certo, pelo texto certo. Essa coisa de expectativa só serve pra deixar a gente sem ter o que dizer na hora.
(encho o cálice de vinho) Bom, nesse silêncio eu preciso fazer alguma coisa, talvez coloque uma música ou ensaie um gesto, ou talvez não faça nada. Por um momento eu posso pensar em chegar mais perto com o coração a mil, mas você não diz nada. Eu penso num corredor escuro, e me vejo andando como uma cega que pressente o vazio, o poço que vai afundar. Penso em acender a luz, dar uma gargalhada ridícula, acabar de vez com isso. É muito fácil fingir que tudo estaria bem, que nunca houve emoções. Logo depois, um minuto depois eu penso em deixar o cálice na mesa e ir em direção a esse cara que olha pra dentro. Penso em dar um beijo. Vou desejar decifrar esse corpo com a língua, romper todas as barreiras do medo do nojo, beber todos os líquidos, sugar todos os cheiros até que a gente possa virar um só, de luzes apagadas e roupas no chão. Logo em seguida percebo que eu não serei ele e que ele não sou eu. Desejaria manter esse estado, esse desejo. Mas ele não saberá de nada se eu continuar com medo que uma palavra ou gesto destrua essa cena bem armada, em que cada vez mais mergulho em mim, nas minhas emoções, enquanto ele esfrega as mãos no joelho quase inocente e me espera terminar o que comecei.
Você continuaria ausente de tudo. E a cada manhã eu vou me olhar no espelho, notar novas rugas, certa do futuro que me espera. Não poderei voltar atrás, e sei que qualquer coisa que eu diga não vai dizer o suficiente pra me levar pro céu ou pro inferno. Mas sei também que tudo vai passar um dia, tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa. Só não vou saber que naquele momento exato eu teria a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Eu acendo o abajur do canto da sala depois de apagar a luz mais forte pra criar um clima. E finalmente, começo a falar.
uma adaptação bem livre do conto natureza viva do caio.
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