quinta-feira, 27 de novembro de 2008

claRISSE mais eu

Descobri que há muito venho me faltando. É dolorido saber-se sem si. Ausente de si. Saber que por muito tempo busquei num outro tudo que estava no lugar certo. Tudo que não me dei o trabalho de buscar. Uma fuga. É um não gostar de si. Ao espelho: um não. Esse cabelo novo me fez mais real. Mais concreta. Mais alma. Deixei de viver por cima e o baixo da vida me foi apresentado. Ainda não me adaptei, mas percebi que antes eu era pura mentira. Como pode algo ser puro e mentiroso ao mesmo tempo? Pode, porque considero puro tudo que é fruto do gesto em si, do inconsciente que te dá uma ordem, já a mentira não, a mentira é ela propriamente e maliciosa, como um trocador que rouba 10 centavos de troco. Não gosto da pureza exacerbada. Tenho medo. Pois o puro é branco, e branco mancha com facilidade. É preciso lavar com uma freqüência insuportável. Apenas 1 vez de uso. Já com o preto, podemos fingir limpeza à vontade. Se parece com a mentira. A preocupação com o português e com o vocabulário de alguém com apenas 21 anos me fazem escrever com uma racionalidade nojenta. Não me alcanço. O medo de novo. Medo do erro pra mim e por mim. Pelo menos agora estou tentando não me parar, mas minha mão as vezes respira com o meu cérebro ainda ditando. Meu corpo é forte demais pra minh' alma. Por isso tantos equívocos. Agora, corpo, se me dá licença preciso ver minha alma. Ir ao meu encontro. Saber-me. Com ou sem cabelo arrumado. Chega de escrever sobre um outro que não vem. Ele sou eu. Eu tava de féria na Bahia, mas agora eu voltei cheia de vontade de mim. Fiquei assim por causa de um outro. E o agradeço por ter me permitido tal viagem, tal volta, tal passagem. É impossível saber-se sem um passado legitimo e bem marcado. Esse apego me irrita em demasia.Só hoje eu consegui parir o feto dele. O seu filho hoje nasceu. E é diferente saber-se com um filho. Esse filho sou eu. Fui mãe e filha mas sua, sempre sua. Agora não. Tenho o mundo. Depois dessa luz o mundo pode ser meu de novo. Só meu. Me sinto livre. Preciso voar com as minhas asas. Não quero mais romancear falando do que fui. Quero ser com legitimidade. Nem sei se sei. Mas sinto, e isso me basta. Asas. Como alguém que toma um gole de água por que é o suficiente. Estou rindo. Dei pra rir. É tão bom encontrar consigo. Não consigo parar de rir. Não posso, não quero mais parar de ser.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

a quinta de virgínia

quero ser a quinta não pra chegar depois, mas pra não ser aquela que ajeita o cabelo, fuma um cigarro, fala alto ou usa maquiagem pra parecer. quero ser o silêncio, casar com ele. ser aquela que fica no canto, que acontece por uma questão de necessidade, pra não me preocupar com chegadas, pra chegar manso, sentar com calma e falar o bastante pra ser ouvida.a quinta: a simplicidade de não ser muito, nem pouco.