sábado, 18 de agosto de 2007

como flor

quando digo que muitas podem te servir de consolo, refiro-me a mim. nenhuma outra blusa te cairá tão bem, pelo menos a meu gosto. sabe, eu ando cansada de palavras mal postas, de canções fragmentadas, desse disse-não-me-disse, desse jogo que ninguém ganha. quisera eu ser mulher o bastante, te olhar nos olhos e dizer:

- Não vês que somos o suficiente?

- Por que de tanto atraso?

agora que o real entrou janela á dentro o lirismo desaparece sem dó. ando por lugares que cheiram a velho em busca do seu cheiro de novo. isso seria bonito se não fosse uma história mal contada. queria te escrever um poema, um trecho de Rita Apoena, que datilografa a alma feminina como ninguém - você se daria bem com ela, deveriam escrever um livro juntos - poderia também ligar-te e falar qualquer coisa que venha de dentro, assim de improviso mesmo, sem cena pronta, ando estafada de métrica, enlatado, escrever uma carta também seria autêntico, dizer coisas do tipo:

"ontem eu sonhei que me abraçava, era um abraço que me fazia ainda mais sua. eu gosto quando parece criança, quando termina uma frase sem pensar, quando me faz silêncio, quando discursa o texto que eu gostaria de ter escrito. gostaria de dizer que você quando longe, me dói."

coisas bobas mesmo,
coisa que só escreve quem se sente achada,
coisa de quem é só espera,
de quem vive pelas ruas com olhar disperso,
de quem procura um cheiro que passou.



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