sexta-feira, 9 de março de 2007

por inteiro

o tempo não esfria, aquece. tanto que quando duas almas que aguardavam por um encontro real não se dão ao luxo da razão, perdem o controle que esbanjavam tempos antes, se vêem sem armas, não podem consigo, se amam como se o mundo fosse acabar instantes depois.

o ser humano é mais bicho que o próprio bicho.
controle

o temos até que a alma grite, peça socorro, se agarre em outra que luta como ela. até que o coração resolva bater, até que o tempo insista em nos lembrar da sua longevidade.
depois de aguardar pelo tempo surge algo inesplicável, que gera culpa, medo de ambos os lados, de ambos os mundos, desses avessos.

a espera não faz nada além de nos preparar para a perda total.
algo como alçar vôo sem abrir as asas.

o seu rosto parecia arder num fogo invisível, suas mãos me puxavam pro desconhecido, pra perto de ti, pra longe de mim, as palavras saiam como sussurros imprecisos, doídas, contrárias.
a boca dizia não, o corpo gritava sim.

um corpo inteiro com vontade de.

o desejo nada mais é do que a vontade de ser o outro por algum sagrado instante.