segunda-feira, 31 de julho de 2006

por inteiro

agora eu sei a dor de se dar por inteiro.
por enquanto só dói porque a delícia são frutos, e esses exigem tempo para se mostrar.

"Eu te amo
Na profunda imensidade do vazio
Em tudo que ainda estás ausente
Adalgisa Néri
é como se valesse a pena. como a saudade que sucede o abandono. como uma obra estendida na parede. como um lindo retrato seu ou dela. como uma brisa que passa sempre no mesmo horário. como a lua cheia num dia atípico. já nem sei mas o que digo, me perdi nas palavras.
  • sabe existe uma personagem chamada Griet, dês de que a vi quis se-la, e quando a li senti que faltava inocência. parecia que a borboleta já sabia que ia morrer. perdeu a graça.
"Infantil é o teu sorriso
A cabeça, essa é de vento:
Não sabe o que é pensamento
E jamais terá juízo"
Manuel Bandeira
"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra"
Caio Fernando
there is desert
é tudo tão escuro
cresci
já não tenho medo
me lanço
me atiro
me
até que a lua me diga pretenciosamente: "Foi um prazer"
Não, esse prazer não
esse, esse dolorido prazer é só meu

quinta-feira, 20 de julho de 2006

dar a luz

"a resposta de Capitu foi um riso doce de escárnio, um desses risos que não se descrevem, e apenas se pintarão; depois estirou os braços e atirou-mos sobre os ombros, tão cheios de graça que pareciam um colar de flores. eu fiz o mesmo aos meus, e senti não haver ali um escultor que nos transferisse a atitude a um pedaço de mármore. só brilharia o artista, é certo. quando uma pessoa ou um grupo saem bem, ninguém quer saber de modelo, mas da obra, e a obra é que fica. não importa; nós saberíamos que éramos nós"
machado de assis
dom casmurro


me falta cimento.

.saber que sou eu.

.obra de arte


já te imaginei um artista plástico, não grande, mas pequeno, daqueles que só se conhece quando as línguas são comuns
sem holofote, luz,

um brilho que somente eu via.
te direcionaria luzes quando julgasse nescessário
é branco, como a nuvem que brilha por culpa do fundo.

domingo, 16 de julho de 2006

"Desculpa se te fiz fogo e noite sem pedir autorização por escrito ao sindicato dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei como refúgio dos meus sentidos pedaço de silêncios perdidos que voltei a encontrar em ti..."

Toranja
Agradeço àquela que apresentou-me esse mundo fatástico português.

domingo, 2 de julho de 2006

resposta

para aquele anônimo que pergunta, digo que sim. agora, ele, apenas ele, não só basta como excede.

.essa mania de querer excessos ainda me faz sã

encontro delicado

Eles se conheceram em qualquer lugar, num momento nada fantástico. Ela vestia calça jeans velha e uma blusa de malha como a calça, ele mal vestia-se: uma bermuda cansada de tantos assentos desconfortáveis, uma blusa que parecia além dele, sua unha estava por cortar, seu cabelo faço questão de não descrever por aqui. Conheceram-se num dia translúcido, algo como 4 de janeiro, 20 de dezembro, dias que se ocupam com anteceder ou preceder, dias que não são, dias que poderiam deixar de existir sem ouvir nenhum apelo, dias que podem se dar ao luxo do anonimato. Ana e Pedro – assim se chamavam – olharam-se com descompromisso, e ouso dizer que naquele momento não se enxergaram de fato. Não existia conflito, não mesmo, ele chegou como quem pede fogo e ele se limitou a emprestar, nem uma cruzada de pernas, nem um ajeitar de madeixas, nada. Começaram a falar e ouvir com um desinteresse confortável. Discutiram política, teorias sociais, econômicas, citaram Marx, Weber, não mais que isso, seria profundo demais, um para cada visão cabia perfeitamente. Concordavam em muitas opiniões, assim o conflito passava cada vez mais longe. Suas grandes causas, fantásticos planos foram aos poucos se apresentando. Viram-se comuns. Existia uma inocência e um quê de banalidade nesse encontro, - não, um encontro não, nesse “acaso”, “encontro” parece tão sonhador. Após horas de conversa Pedro convidou Ana suntuosamente para conhecer seus aposentos. Ana sequer pensou e foi, é importante lembrar que Ana era dotada de uma graça e curiosidade própria de menina, para ela obstáculos eram escadas. Essa menina não conhecia os porquês, tudo era tão simples, fácil e vivo, que chego a acreditar que ela dividia casa com a solução. Lá se foram eles cultuando brisas de outono. Chegaram. Pedro educadamente abriu-lhe a porta, contou-lhe piadas graciosas ou não, deu-lhe uma toalha, mostrou-lhe os cômodos, fez um breve histórico sobre os outros residentes, colocou uma música agradável.
Ana resolvera tomar um banho, enquanto Pedro pôs-se a preparar alguma coisa mastigável. Este era um perfeito e genuíno cavalheiro, sabia como ninguém agradar à moça e rapazes, não distinguia sua atenção por sexo, era cortês por natureza.
Ana ao sair do banho pouco demorado, foi imediatamente ao encontro de Pedro que estava de costas lavando as mãos. Ela não pôde acreditar no que via, sentiu o tempo correr desesperado, só teve tempo de abrir um sorriso desconcertado, seus olhos brilhavam e suas pernas mal podiam embasar seu corpo. À mesa estavam: vinho, taças e um prato, apenas um prato de macarronada.
Se olharam de relance e naquele momento qualquer descrição pessoal ou conhecimento teórico falaria pouco.